São Paulo, sexta-feira, 21 de outubro de 2005

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SENHOR DA DISCUSSÃO

"Senhor das armas" alimenta discussão sobre a consulta de domingo

Filme coloca referendo em debate

AMARÍLIS LAGE
DA REPORTAGEM LOCAL

Na última cena de "O Senhor das Armas" -diz a regra que não se conta fim de filme, mas não se estraga aqui nenhuma surpresa-, o traficante de armas Yuri Orlov (Nicolas Cage) afirma que, no futuro, somente os vendedores de armas sobreviverão, pois todas as outras pessoas estão muito preocupadas em matar umas às outras.
Com a previsão pessimista ainda no ar, sobem os créditos e acendem-se as luzes, mas ninguém na sala se levanta: o filme foi apenas o ponto de partida para o debate sobre a comercialização de armas de fogo e munição, realizado na noite de anteontem no cinema Reserva Cultural, em São Paulo. Na platéia, de quase 60 pessoas, defensores do "sim" e do "não" -e a impressão era que cada grupo havia visto um filme diferente.
"O filme fala de traficantes de armas. Nós temos quilômetros de fronteira seca no país, onde entra a arma que se quer. Impedir o comércio vai potencializar o contrabando de armas", disse o major Sérgio Olímpio Gomes num discurso tão inflamado que foi preciso pedir para que falasse mais baixo ao microfone.
Convidada para defender o "sim", Paula Miraglia, do Instituto Sou da Paz, rebateu: mais que o contrabando, é o comércio legal que abastece o crime -extraviadas, as armas vão parar na mão de bandidos. Além disso, cita ela, 60% dos homicídios ocorrem por motivos fúteis, casos em que a vítima conhecia o bandido. "No filme, eles mostram que a paz custa caro para a indústria [bélica]."


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