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SENHOR DA DISCUSSÃO
"Senhor das armas" alimenta discussão sobre a consulta de domingo
Filme coloca referendo em debate
AMARÍLIS LAGE
DA REPORTAGEM LOCAL
Na última cena de "O Senhor
das Armas" -diz a regra que
não se conta fim de filme, mas
não se estraga aqui nenhuma
surpresa-, o traficante de armas Yuri Orlov (Nicolas Cage)
afirma que, no futuro, somente
os vendedores de armas sobreviverão, pois todas as outras pessoas estão muito preocupadas
em matar umas às outras.
Com a previsão pessimista ainda no ar, sobem os créditos e
acendem-se as luzes, mas ninguém na sala se levanta: o filme
foi apenas o ponto de partida para o debate sobre a comercialização de armas de fogo e munição,
realizado na noite de anteontem
no cinema Reserva Cultural, em
São Paulo. Na platéia, de quase
60 pessoas, defensores do "sim"
e do "não" -e a impressão era
que cada grupo havia visto um
filme diferente.
"O filme fala de traficantes de
armas. Nós temos quilômetros
de fronteira seca no país, onde
entra a arma que se quer. Impedir o comércio vai potencializar
o contrabando de armas", disse
o major Sérgio Olímpio Gomes
num discurso tão inflamado que
foi preciso pedir para que falasse
mais baixo ao microfone.
Convidada para defender o
"sim", Paula Miraglia, do Instituto Sou da Paz, rebateu: mais
que o contrabando, é o comércio
legal que abastece o crime -extraviadas, as armas vão parar na
mão de bandidos. Além disso, cita ela, 60% dos homicídios ocorrem por motivos fúteis, casos em
que a vítima conhecia o bandido.
"No filme, eles mostram que a
paz custa caro para a indústria
[bélica]."
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