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Órgão vai estudar medida legal contra posição de juiz de MG
Edilson Rodrigues, juiz de Sete Lagoas, negou a aplicação da Lei Maria da Penha e afirmou que o mundo é masculino em sentença
Em SP, a Corregedoria do TJ apura conduta do juiz que disse que futebol era "não homossexual" no caso do jogador Richarlyson
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O CNJ (Conselho Nacional
de Justiça) vai decidir nos próximos dias se tomará alguma
medida contra o juiz de Sete
Lagoas (MG), Edilson Rumbelsperger Rodrigues, que negou a aplicação da Lei Maria da
Penha. A ministra Nilcéia Freire, da Secretaria Especial de
Políticas para as Mulheres, enviou recentemente ao CNJ cópia da sentença.
Ela também encaminhou
uma moção de repúdio da Comissão de Defesa dos Direitos
da Mulher da Assembléia Legislativa de Pernambuco, que
havia tomado conhecimento da
polêmica decisão.
Os conselheiros do CNJ disseram à Folha que buscam
uma forma de adotar medida
legal como abertura de processo disciplinar contra Rodrigues. É que o órgão administrativo não tem o poder de rever o
teor de decisões judiciais.
No caso Richarlyson, a corregedoria do Tribunal de Justiça
de São Paulo abriu procedimento para apurar a conduta
do juiz Manoel Maximiano
Junqueira Filho, que disse ser
o futebol "viril, varonil, não homossexual", ao arquivar uma
queixa-crime em que o jogador
do São Paulo Richarlyson contra José Cyrillo Júnior, diretor
do Palmeiras.
O CNJ também recebeu uma
reclamação contra esse juiz,
mas desistiu de tomar qualquer providência após a iniciativa do TJ-SP.
A moção de repúdio da Comissão de Defesa dos Direitos
da Mulher, da assembléia de
Pernambuco afirma: "Ao recorrer a argumentos religiosos
para justificar o arbítrio do homem sobre a mulher, o magistrado desconsidera o princípio
da laicidade [direito do leigo]
do Estado."
Outro trecho, diz: "O juiz criminal tem como competência
coibir a prática dos crimes a
partir da condenação de seus
autores, nunca fazer juízo de
valor acerca da legislação, sobretudo quando tal juízo dissemina preconceito".
(SILVANA DE FREITAS)
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