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Após conflito, Serra refaz proposta; greve na polícia pode acabar
Anúncio de reajuste ocorreu quatro dias após confronto entre policiais militares e civis próximo à sede do governo
Nova oferta prevê dois reajustes de 6,5%, em janeiro do próximo ano e em 2010;
a anterior previa aumento linear único de 6,2%
JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
ROGÉRIO PAGNAN
DA REPORTAGEM LOCAL
Quatro dias após o confronto
entre PMs e policiais civis em
greve, que deixou 25 feridos em
São Paulo, o governo José Serra
anunciou ontem uma nova proposta de reajuste e um pacote
de benefícios para os grevistas.
Com a medida, o menor salário de delegado, hoje de R$
3.708, passará para R$ 4.967
em 2009 e R$ 5.203 em 2010
-um aumento de 40,32%.
Com o aumento, que será dado em 2010, o salário-base de
SP deixa de ser o último e passa
a ser o quarto pior do país (dados de agosto), à frente de MG,
PB e TO. Segundo o governo, só
0,4% dos delegados da ativa se
enquadram na menor faixa.
Ontem, o governo ainda não
havia calculado qual será o ganho médio dos delegados,
atualmente de R$ 7.085,85.
O anúncio ocorreu no mesmo dia em que os policiais civis
divulgaram o cronograma de
duas manifestações nacionais
contra o governo, uma nesta
quinta-feira e a outra no dia 29.
O recuo do governo, que dizia
só negociar com os policiais
após o fim da paralisação -que
completou ontem 34 dias-,
coincidiu com a politização do
movimento. Serra acusou o PT
de estar por trás da greve. Lula,
em resposta, disse que o tucano
deveria pedir desculpas ao PT.
A nova proposta prevê dois
reajustes salariais de 6,5%, em
janeiro do próximo ano e em
2010, que, somados ao pacote
de benefícios, deve custar
R$ 830 milhões aos cofres públicos. A anterior previa um
reajuste linear único de 6,2%,
ao custo de R$ 650 milhões.
Além do projeto que institui
o novo reajuste, o governo também encaminhou ontem à Assembléia projetos que permitirão, segundo o secretário Sidney Beraldo (Gestão), promoções a 1.184 delegados e 16.032
policiais civis em 2009 -São
Paulo tem 35 mil policiais civis.
Serra decidiu atender a outro
pedido dos grevistas, com o
projeto de incorporar uma gratificação, que varia de acordo
com a população da cidade em
que o policial atua, ao valor de
aposentadorias e pensões.
Também será concedida
aposentadoria especial (aos 30
anos de serviço) aos policiais.
O presidente da associação
dos delegados, Sergio Roque,
66, disse que aguardava uma
oficialização da proposta, mas
que via "bom senso" de Serra.
Disse ainda que uma reunião de
emergência poderia ocorrer
ainda hoje para discutir a oferta
e, até, a suspensão da greve.
Beraldo negou que o governo
tenha agido sob pressão e disse
que pensou só na população.
Atendimento
O movimento grevista continuava forte ontem no interior
do Estado. Em Bauru (329 km
de SP), os 360 policiais estão
parados, diz o delegado seccional da cidade, Doniseti Pinezi.
Ele afirmou que os quatro
distritos, as quatro delegacias
especializadas, o plantão e o Ciretran (Circunscrição Regional
de Trânsito) só atendem a
ocorrências mais graves.
A reportagem entrou em
contato ontem com os cinco
distritos de Marília (435 km de
SP) e em todos houve confirmação da adesão de 100% dos
policiais à greve. Em Sorocaba
(99 km de SP), os 11 distritos
aderiram à greve e as duas delegacias que trabalham em esquema de plantão registram só
ocorrências de emergência.
O delegado titular do 1º DP
de São José do Rio Preto (438
km de SP), Genival Santos, disse que só os casos graves estavam sendo atendidos.
Na capital paulista, muitas
delegacias continuavam com
policiais em greve, principalmente na periferia.
Colaborou a Agência Folha
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