São Paulo, terça-feira, 21 de outubro de 2008

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Após conflito, Serra refaz proposta; greve na polícia pode acabar

Anúncio de reajuste ocorreu quatro dias após confronto entre policiais militares e civis próximo à sede do governo

Nova oferta prevê dois reajustes de 6,5%, em janeiro do próximo ano e em 2010; a anterior previa aumento linear único de 6,2%

JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
ROGÉRIO PAGNAN
DA REPORTAGEM LOCAL

Quatro dias após o confronto entre PMs e policiais civis em greve, que deixou 25 feridos em São Paulo, o governo José Serra anunciou ontem uma nova proposta de reajuste e um pacote de benefícios para os grevistas.
Com a medida, o menor salário de delegado, hoje de R$ 3.708, passará para R$ 4.967 em 2009 e R$ 5.203 em 2010 -um aumento de 40,32%.
Com o aumento, que será dado em 2010, o salário-base de SP deixa de ser o último e passa a ser o quarto pior do país (dados de agosto), à frente de MG, PB e TO. Segundo o governo, só 0,4% dos delegados da ativa se enquadram na menor faixa. Ontem, o governo ainda não havia calculado qual será o ganho médio dos delegados, atualmente de R$ 7.085,85.
O anúncio ocorreu no mesmo dia em que os policiais civis divulgaram o cronograma de duas manifestações nacionais contra o governo, uma nesta quinta-feira e a outra no dia 29.
O recuo do governo, que dizia só negociar com os policiais após o fim da paralisação -que completou ontem 34 dias-, coincidiu com a politização do movimento. Serra acusou o PT de estar por trás da greve. Lula, em resposta, disse que o tucano deveria pedir desculpas ao PT.
A nova proposta prevê dois reajustes salariais de 6,5%, em janeiro do próximo ano e em 2010, que, somados ao pacote de benefícios, deve custar R$ 830 milhões aos cofres públicos. A anterior previa um reajuste linear único de 6,2%, ao custo de R$ 650 milhões.
Além do projeto que institui o novo reajuste, o governo também encaminhou ontem à Assembléia projetos que permitirão, segundo o secretário Sidney Beraldo (Gestão), promoções a 1.184 delegados e 16.032 policiais civis em 2009 -São Paulo tem 35 mil policiais civis.
Serra decidiu atender a outro pedido dos grevistas, com o projeto de incorporar uma gratificação, que varia de acordo com a população da cidade em que o policial atua, ao valor de aposentadorias e pensões.
Também será concedida aposentadoria especial (aos 30 anos de serviço) aos policiais.
O presidente da associação dos delegados, Sergio Roque, 66, disse que aguardava uma oficialização da proposta, mas que via "bom senso" de Serra. Disse ainda que uma reunião de emergência poderia ocorrer ainda hoje para discutir a oferta e, até, a suspensão da greve.
Beraldo negou que o governo tenha agido sob pressão e disse que pensou só na população.

Atendimento
O movimento grevista continuava forte ontem no interior do Estado. Em Bauru (329 km de SP), os 360 policiais estão parados, diz o delegado seccional da cidade, Doniseti Pinezi.
Ele afirmou que os quatro distritos, as quatro delegacias especializadas, o plantão e o Ciretran (Circunscrição Regional de Trânsito) só atendem a ocorrências mais graves.
A reportagem entrou em contato ontem com os cinco distritos de Marília (435 km de SP) e em todos houve confirmação da adesão de 100% dos policiais à greve. Em Sorocaba (99 km de SP), os 11 distritos aderiram à greve e as duas delegacias que trabalham em esquema de plantão registram só ocorrências de emergência.
O delegado titular do 1º DP de São José do Rio Preto (438 km de SP), Genival Santos, disse que só os casos graves estavam sendo atendidos.
Na capital paulista, muitas delegacias continuavam com policiais em greve, principalmente na periferia.

Colaborou a Agência Folha



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