São Paulo, quarta-feira, 21 de outubro de 2009

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LEONARDO SISLA (1935-2009)

O engenheiro e a educação dos filhos pelas cartas

ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL

Leonardo Sisla, engenheiro de profissão, foi um pai estilo carteiro. O que não conseguia, às vezes, dizer de importante aos filhos, punha no papel.
Cedinho, antes de sair para o trabalho, empurrava o envelope por debaixo das portas ou o deixava sobre a mesa, para as crianças lerem depois.
Parte da educação que deu a suas três meninas e ao garoto que adotou foi pelas cartas.
Heloisa, a filha pedagoga, recorda-se da que recebeu no dia em que fez 14 anos.
Dizia: "Proponho que entre nós nunca se guarde mágoa, a não ser por um momento, e que nunca nos esqueçamos do que de bom houver acontecido. [...] E, quando um dos dois sair da linha, que leve um pito. Eu, principalmente. Você também, porque assim, juntos, nós chegaremos lá."
Muito afetivo, "de chorar no casamento", ele levava jeito para a escrita. Deixou alguns livros prontos, sendo um de receitas e outro sobre a história da família e dos pais, imigrantes lituanos que foram donos de um escritório de engenharia e de algumas praias no litoral de SP.
Topógrafo, Leonardo se dedicou por um bom tempo à implantação de condomínios.
Em Ubatuba (SP), é seu o projeto de loteamento da praia Vermelha do Sul, cujo modelo de ocupação do solo acabou servindo de referência para a legislação do município.
Na semana passada, a família decidiu se reunir para relembrá-lo: cada um dos filhos releu cartas que o pai, morto no domingo (11), aos 74 anos, de infecção hospitalar, escreveu. Ele deixa cinco netos.

coluna.obituario@uol.com.br


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