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LEONARDO SISLA (1935-2009)
O engenheiro e a educação dos filhos pelas cartas
ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL
Leonardo Sisla, engenheiro
de profissão, foi um pai estilo
carteiro. O que não conseguia,
às vezes, dizer de importante
aos filhos, punha no papel.
Cedinho, antes de sair para o
trabalho, empurrava o envelope por debaixo das portas
ou o deixava sobre a mesa, para as crianças lerem depois.
Parte da educação que deu
a suas três meninas e ao garoto que adotou foi pelas cartas.
Heloisa, a filha pedagoga, recorda-se da que recebeu no
dia em que fez 14 anos.
Dizia: "Proponho que entre
nós nunca se guarde mágoa, a
não ser por um momento, e
que nunca nos esqueçamos
do que de bom houver acontecido. [...] E, quando um dos
dois sair da linha, que leve um
pito. Eu, principalmente. Você também, porque assim,
juntos, nós chegaremos lá."
Muito afetivo, "de chorar
no casamento", ele levava jeito para a escrita. Deixou alguns livros prontos, sendo
um de receitas e outro sobre a
história da família e dos pais,
imigrantes lituanos que foram donos de um escritório
de engenharia e de algumas
praias no litoral de SP.
Topógrafo, Leonardo se dedicou por um bom tempo à
implantação de condomínios.
Em Ubatuba (SP), é seu o projeto de loteamento da praia
Vermelha do Sul, cujo modelo
de ocupação do solo acabou
servindo de referência para a
legislação do município.
Na semana passada, a família decidiu se reunir para relembrá-lo: cada um dos filhos
releu cartas que o pai, morto
no domingo (11), aos 74 anos,
de infecção hospitalar, escreveu. Ele deixa cinco netos.
coluna.obituario@uol.com.br
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