|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros
Farmácia reterá receita de antibiótico
Anvisa deveria ter anunciado alteração da regra em setembro; norma será parecida com a dos psicotrópicos
Proposta foi agilizada devido à preocupação com a resistência a organismos como o
da superbactéria KPC
ANGELA PINHO
DE BRASÍLIA
Com quase dois meses de
atraso, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) deve decidir amanhã a
partir de quando as farmácias e drogarias do país serão
obrigadas a reter as receitas
de antibióticos. A decisão deveria ter saído em setembro.
Hoje, a regra determina
apenas que a receita seja
apresentada ao farmacêutico
e, mesmo assim, a exigência
não costuma ser cumprida.
Neste ano, o Idec (Instituto
Brasileiro de Defesa do Consumidor) fez uma pesquisa
em cem farmácias do país e
em todos os estabelecimentos foi possível comprar antibióticos sem receita médica.
O sistema proposto pela
Anvisa será parecido com o
controle que existe hoje para
os psicotrópicos. Além da
exigência da receita, as farmácias serão obrigadas a recolher dados da prescrição.
Se aprovada, a regra vai
determinar que o médico forneça duas vias da receita ao
paciente. Uma ficaria na farmácia e a outra com o consumidor, mas com um carimbo
para que ele não a reutilize.
Pelo texto inicial, a norma
entrará em vigor após a sua
publicação no "Diário Oficial
da União", o que costuma
acontecer poucos dias depois da decisão da Anvisa.
"SUPERBACTÉRIA"
A proposta foi submetida a
consulta pública em junho.
Agora ganhou pressa com a
preocupação do Ministério
da Saúde de diminuir a resistência de organismos como a
bactéria KPC a remédios.
O excesso do uso de antibióticos é apontado como
uma das principais causas do
surgimento da bactéria.
Apelidada de "superbactéria" pela dificuldade de ser
combatida pelos atuais antibióticos, a KPC já causou infecções hospitalares em pelo
menos três Estados: Distrito
Federal, São Paulo e Paraná.
Segundo o diretor da Anvisa Dirceu Barbano, a KPC
tem uma taxa de mortalidade
entre 30% e 40% maior do
que as outras infecções.
Em São Paulo, hospitais
passaram a isolar os pacientes com a superbactéria,
mesmo aqueles que não
apresentam sintomas.
A proposta da Anvisa, que
ainda pode ser modificada,
prevê também um controle
ainda maior sobre os cinco tipos de antibiótico mais utilizados (ampicilina, amoxilina, sulfametoxazol + trimetoprima, cefalexina e azitromicina), presentes em mais
de 1.500 medicamentos.
No caso deles, além de retenção da receita, cada remédio vendido deverá ser registrado em um sistema do qual
constam dados como nome
do médico que prescreveu.
Texto Anterior: Caso Mércia: Justiça decide que os dois acusados vão continuar livres Próximo Texto: Dúvidas sobre a superbactéria Índice | Comunicar Erros
|