São Paulo, terça-feira, 21 de novembro de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

MARIA INÊS DOLCI

É fantástico!


Se o país fosse sério, haveria demissões em massa das autoridades que controlam (?) nossas vidas quando voamos


DEU NESTA Folha, no "Fantástico" e na revista "Época": mais acidentes iguais ao que vitimou 154 pessoas no vôo da Gol poderiam ter ocorrido por falha no controle aéreo. Os passageiros e tripulantes escaparam por pouco.
Isso demonstra que não há comando no tráfego aéreo brasileiro. Isso demonstra que quem comanda, em última instância, o transporte aéreo, o governo federal, não comanda nada. Não há controle aéreo, não há segurança aérea, logo, não há governo.
É isso, falando sem eufemismos indevidos. O grupo que há quatro anos deveria zelar pelas nossas vidas, em todas as áreas, não comanda nem os céus.
Triste, mas verdadeiro. Um controlador de vôo não-identificado disse que não permitiria que sua família viajasse de avião. Eu viajo praticamente todas as semanas. Pensei que houvesse autoridades cuidando da nossa segurança. Pelo jeito, não há.
Se estivéssemos em um país medianamente sério, haveria demissões em massa das tais autoridades que controlam (???) nossas vidas enquanto voamos. Mas os companheiros continuam lá, belos e fagueiros, dizendo estultices, ao explicar porque vôos atrasam tanto. E os passageiros que atrasam suas viagens ficam com a impressão de que ganharam uma sobrevida.
Por que isso vai mudar nos próximos quatro anos? Os (ir)responsáveis são os mesmos. Ganharam, eles acima de tudo, sobrevida. Para jogar truco ou fazer um churrasco, regado a futebol, enquanto arriscamos nossas vidas nos céus brasileiros.
Não, não estou falando de defesa do consumidor. Estou falando de vidas. De seres humanos que têm, ou tiveram, pai, mãe, irmãos. De alguns que casaram, que têm filhos, às vezes netos. Que lutaram para fazer sucesso na vida profissional. Que torcem por algum time ou alguns, raros, que não gostam de futebol.
E que, todos eles, quando entram no avião, torcem para não morrer. Porque autoridades não exercem seus cargos. Porque não há segurança nos vôos brasileiros. Porque aviões passam a 200 metros, a 50 metros uns dos outros! Isso é um absurdo. Isso é uma violência. Isso é um planejamento de serial killers.
Quem responde por isso? Ninguém, pois há cargos para dividir, partidos com quem distribuir o poder, para montar a tal "governabilidade". Para quê, se nem um aeroporto é um lugar seguro no Brasil, embora não tenhamos terrorismo, exceto aquele causado pela falta de competência?
Onde estão os senhores que governam o Brasil? O que eles fazem, que não fazem o mais urgente, o fundamental?
Bolam maneiras de manter a imprensa quieta, sem críticas nem alertas? Talvez porque suas funções não são cumpridas. Estamos à mercê do caos. Da sorte, ou da falta dela. Alguém já foi punido? Alguém prestou contas por essa balbúrdia tão perigosa?
As respostas são acusar quem cobra, quem critica, de tucano, de não aceitar o resultado das urnas. Não sei a que urnas se referem. Lamentavelmente, talvez se tratem de urnas funerárias. Façam algo...

NA INTERNET
http://mariainesdolci.blog.uol.com.br


Texto Anterior: Em Curitiba, passageiros invadem pista
Próximo Texto: Consumo: Consumidor protesta contra reajuste de tarifa por banco
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.