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ANIVERSÁRIO
Familiares de bebê anencéfala festejam um ano da criança
JULIANA COISSI
ENVIADA ESPECIAL A PATROCÍNIO PAULISTA
Muitas roupinhas, bonecas,
um colar de ouro com um pingente de anjo, bolo, balões e
uma faixa de parabéns feita pela Diocese de Franca. Esses foram os presentes ofertados a
Marcela de Jesus Ferreira, o
bebê de Patrocínio Paulista que
completou ontem um ano de
vida, desafiando todos os prognósticos desde que foi diagnosticada sua anencefalia (ausência de cérebro), ainda na barriga da mãe, a lavradora Cacilda
Galante Ferreira.
A sobrevida da menina, que
deveria ser de poucas horas
após o nascimento, alçou-a à
posição de símbolo anti-aborto
de grupos religiosos, mas também rendeu polêmica entre alguns especialistas que questionam seu diagnóstico. A lei brasileira permite a interrupção da
gravidez nesses casos.
No aniversário, cercada pelos
pais, irmãs e avô, pela pediatra
Márcia Beani, pela equipe do
Programa de Saúde da Família
que a visita toda semana e por
alguns vizinhos, Marcela usava
um vestido branco com detalhes em rosa e capuz e sandálias
e meias brancas.
Durante a festa, a mãe se
preocupava o tempo todo em
enfeitar o berço de Marcela
com as fitas dos presentes.
Mais tímido, o pai da menina,
Dionísio Justino Ferreira, 47,
participava do esforço para receber as visitas.
Desde o nascimento da caçula, o lavrador teve de cuidar da
colheita de café em seu sítio
com a ajuda apenas das filhas
Débora, 19, e Dirlene, 15. A mulher se mudou para uma casa
na cidade para cuidar de Marcela. A saudade de ver a família
junta faz Dionísio pensar em
mudanças. "Chego a pensar em
arrendar o sítio e vir para a cidade, mas meu pai tem 88 anos
e gosta muito de lá", disse.
A distância, no entanto, não
provocou a desunião da família.
"Marcela veio para desafiar o
mundo. Nós até ficamos mais
próximos."
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