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Pinga e analgésico formam uísque falso
Polícia Federal identificou substâncias em bebidas adulteradas apreendidas no país; uísque é a mais falsificada
Analgésicos entram para evitar dor de cabeça; já na cocaína foram encontrados açúcar e gesso em pó
FELIPE SELIGMAN
DE BRASÍLIA
Açúcar queimado, vodca
barata ou pinga e uma pitada
do original. Para não perder a
clientela, vale até analgésico
contra a dor de cabeça.
Com maior ou menor sofisticação, essa é a receita básica do uísque que o mercado
clandestino criou para abastecer casas noturnas, bares e
restaurantes das metrópoles.
Num laboratório equipado
para analisar bebidas e remédios apreendidos, peritos da
Polícia Federal descobriram
as principais formas utilizadas na adulteração dos produtos. Também encontraram
substâncias adicionadas à
cocaína consumida no país.
Com o uísque é assim: um
pouco da bebida legítima fica
para deixar o gosto. Vodca,
pinga ou até álcool de cozinha, usados em maior quantidade, dão o grau etílico.
O mesmo modus operandi
é utilizado em outros tipos de
bebida, como o conhaque e o
rum. "Mas o maior alvo é o
uísque", diz Adriano Maldaner, perito criminal responsável pelo laboratório da PF.
Os testes da PF são realizados em espectrômetro de
massas, aparelho que separa
cada substância da bebida e
descobre a "impressão digital" do produto adulterado.
Não existem estatísticas
oficiais sobre apreensões de
bebidas falsificadas no Brasil, mas, pela simplicidade
da fórmula, os peritos avaliam que sua presença seja
disseminada no mercado.
Com medicamentos é um
pouco diferente. A falsificação, que necessita ser feita
em laboratório minimamente equipado, ocorre principalmente com dois produtos:
o Viagra e anabolizantes.
Em ambos os casos, a perícia identificou lotes com as
chamadas "pílulas de farinha" ou com as substâncias
da fórmula original, mas em
proporções alteradas.
Na análise de amostras de
cocaína, a PF descobriu que a
droga mesmo não passa de
60% da trouxinha vendida
nas ruas. O resto é mistura,
como açúcar ou gesso em pó.
Os testes mostram que, de
tão misturada, até o crack
consumido no Brasil é mais
puro que a cocaína em pó.
REGRAS ETÍLICAS
Em instrução publicada
nesta semana, o Ministério
da Agricultura regulamentou
"padrões de identidade e
qualidade para bebidas alcoólicas por mistura".
O governo proibiu adição
de mel às caipirinhas prontas
e definiu que licor à base de
ovo não pode ter menos que
140 gramas de gema por litro.
A caipirinha, a "bebida típica do Brasil", tem "graduação alcoólica de 15% a 36%
em volume, a 20º Celsius,
elaborada com cachaça, limão e açúcar". As regras são importantes para a identificação de produtos falsos.
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