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São Paulo tem só 35 táxis acessíveis para cadeirantes
Programa lançado com alarde pela prefeitura em fevereiro de 2009 previa pelo menos 80 carros adaptados na cidade
Taxistas afirmam que programa dá prejuízo; alguns passaram até a pagar IPVA, imposto do qual a categoria é isenta
CRISTINA MORENO DE CASTRO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Lançado com alarde pela
Prefeitura de São Paulo no
início de 2009, o programa
de táxis acessíveis patina.
De 80 alvarás previstos para carros adaptados, só 35 estão em uso -a frota de táxis
na cidade é de 32.611 e o número de pessoas com deficiência supera 1 milhão.
Os motoristas reclamam
que, além de terem de gastar
R$ 32 mil em adaptações,
acabam punidos pelo poder
público: muitos passaram a
pagar IPVA, imposto do qual
o taxista paulistano é isento.
Quando o programa começou, o taxista Marcelo Freitas, 38, foi um dos primeiros
a circular com seu carro de teto elevado, piso especial e elevador para cadeirantes.
Há um mês, pensou: "Deixa eu sair logo, enquanto dá tempo". Desistiu do negócio.
"Estava dando prejuízo e dor de cabeça, eu não queria ficar com o nome sujo", diz.
Seu relato coincide com o
de outros dez taxistas autônomos ouvidos pela Folha.
Não existe uma divulgação dos serviços nem pontos de atendimento especiais.
Não é à toa, afirmam, que os 80 alvarás estão ociosos.
Além dos dez motoristas autônomos, há mais 25 carros adaptados, segundo a
prefeitura, integrando frotas.
De acordo com Ricardo
Auriemma, 40, presidente da
associação das frotas de táxi,
o serviço ainda não dá lucro,
mas também já não dá mais
prejuízo para as empresas.
ESPERA
Pessoas com deficiência
que querem ou precisam
usar táxi acessível agendam
a corrida até um dia antes para não ficarem na mão.
A analista de sistemas
Sandra Maciel, 64, vice-presidente de uma ONG voltada
para deficientes visuais, não
consegue usar outro tipo de
veículo, por causa da má formação óssea congênita que
fragiliza seu corpo. "A rotina é ficar esperando", diz ela.
O problema já foi constatado pela Secretaria Municipal
da Pessoa com Deficiência e
Mobilidade Reduzida há cerca de um ano, segundo o chefe da pasta, Marcos Belizário.
Para ele, todos -taxistas e
usuários- têm razão. Ele defende que se faça um novo
sorteio de alvarás, com novas
regras, atendendo a algumas
das demandas dos taxistas,
como criação de pontos em
locais estratégicos, como
hospitais e clínicas de reabilitação, e subsídio inicial.
Segundo ele, a proposta já foi levada à Secretaria Municipal dos Transportes, responsável pelas mudanças.
A pasta dos Transportes afirma que os pontos específicos para táxis acessíveis estão em estudo, mas descarta
dar subsídio -na semana
passada houve uma primeira reunião com a categoria.
A secretaria não comentou a falta de adesão ao projeto.
A Secretaria de Estado da
Fazenda disse que os taxistas
voltaram a pagar o IPVA porque, na hora da adaptação, a
empresa que fez o serviço
classificou o veículo indevidamente como "misto", submetendo-o ao imposto.
Motoristas que tiveram esse problema podem pedir a isenção, que passará a valer
para o exercício seguinte.
FOLHA.com
Veja lista de telefones de taxistas com carros adaptados em São Paulo
folha.com.br/ct832869
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