São Paulo, domingo, 21 de novembro de 2010

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São Paulo tem só 35 táxis acessíveis para cadeirantes

Programa lançado com alarde pela prefeitura em fevereiro de 2009 previa pelo menos 80 carros adaptados na cidade

Taxistas afirmam que programa dá prejuízo; alguns passaram até a pagar IPVA, imposto do qual a categoria é isenta

CRISTINA MORENO DE CASTRO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Lançado com alarde pela Prefeitura de São Paulo no início de 2009, o programa de táxis acessíveis patina.
De 80 alvarás previstos para carros adaptados, só 35 estão em uso -a frota de táxis na cidade é de 32.611 e o número de pessoas com deficiência supera 1 milhão.
Os motoristas reclamam que, além de terem de gastar R$ 32 mil em adaptações, acabam punidos pelo poder público: muitos passaram a pagar IPVA, imposto do qual o taxista paulistano é isento.
Quando o programa começou, o taxista Marcelo Freitas, 38, foi um dos primeiros a circular com seu carro de teto elevado, piso especial e elevador para cadeirantes.
Há um mês, pensou: "Deixa eu sair logo, enquanto dá tempo". Desistiu do negócio.
"Estava dando prejuízo e dor de cabeça, eu não queria ficar com o nome sujo", diz.
Seu relato coincide com o de outros dez taxistas autônomos ouvidos pela Folha.
Não existe uma divulgação dos serviços nem pontos de atendimento especiais.
Não é à toa, afirmam, que os 80 alvarás estão ociosos.
Além dos dez motoristas autônomos, há mais 25 carros adaptados, segundo a prefeitura, integrando frotas.
De acordo com Ricardo Auriemma, 40, presidente da associação das frotas de táxi, o serviço ainda não dá lucro, mas também já não dá mais prejuízo para as empresas.

ESPERA
Pessoas com deficiência que querem ou precisam usar táxi acessível agendam a corrida até um dia antes para não ficarem na mão.
A analista de sistemas Sandra Maciel, 64, vice-presidente de uma ONG voltada para deficientes visuais, não consegue usar outro tipo de veículo, por causa da má formação óssea congênita que fragiliza seu corpo. "A rotina é ficar esperando", diz ela.
O problema já foi constatado pela Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida há cerca de um ano, segundo o chefe da pasta, Marcos Belizário.
Para ele, todos -taxistas e usuários- têm razão. Ele defende que se faça um novo sorteio de alvarás, com novas regras, atendendo a algumas das demandas dos taxistas, como criação de pontos em locais estratégicos, como hospitais e clínicas de reabilitação, e subsídio inicial.
Segundo ele, a proposta já foi levada à Secretaria Municipal dos Transportes, responsável pelas mudanças.
A pasta dos Transportes afirma que os pontos específicos para táxis acessíveis estão em estudo, mas descarta dar subsídio -na semana passada houve uma primeira reunião com a categoria.
A secretaria não comentou a falta de adesão ao projeto.
A Secretaria de Estado da Fazenda disse que os taxistas voltaram a pagar o IPVA porque, na hora da adaptação, a empresa que fez o serviço classificou o veículo indevidamente como "misto", submetendo-o ao imposto.
Motoristas que tiveram esse problema podem pedir a isenção, que passará a valer para o exercício seguinte.

FOLHA.com
Veja lista de telefones de taxistas com carros adaptados em São Paulo
folha.com.br/ct832869


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