São Paulo, sábado, 21 de dezembro de 2002

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SISTEMA PENITENCIÁRIO

Motim começou depois de tentativa de fuga em massa; uma agente e dois detentos morreram

Rebelião deixa três mortos em Salvador

Arestides Baptista/Agência A Tarde
Carro de polícia militar que colidiu com outro veículo quando transportava feridos para o hospital


LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR

Uma tentativa de fuga em massa na Penitenciária Lemos de Brito -a maior da Bahia, com 1.393 detentos em regime fechado- provocou ontem a morte de três pessoas (uma agente e dois presos), deixou outras 23 feridas e levou pânico ao estabelecimento penal.
A penitenciária tem capacidade para abrigar 784 presos. A agente penitenciária Cleusa Mota e o detento norte-americano Lawrence Allen Stanley (acusado de pedofilia) foram mantidos reféns. O motim terminou às 21h45.
A rebelião começou quando cerca de 300 presos tentaram fugir escalando um dos muros que isolam a penitenciária, localizada em Mata Escura (periferia de Salvador), por volta das 8h30. Policiais reagiram e começou um tiroteio. Após a tentativa de fuga, os detentos, armados com revólveres, facas e estiletes, assumiram o controle de dois dos 12 pavilhões do presídio e fizeram a agente e o norte-americano reféns. Os amotinados invadiram a administração do presídio e trocaram tiros com policiais.
Dois presos, que não haviam sido identificados até o fechamento desta edição, morreram. A Polícia Militar informou que os disparos que provocaram as mortes partiram de armas em poder dos amotinados do presídio.
No tumulto, a agente penitenciária Miriam Teresa da Silva Guimarães, 39, foi baleada no tórax e morreu antes de receber atendimento médico.
O carro que transportava a agente para o hospital colidiu com outro veículo dentro da área interna do presídio, provocando ferimentos em três policiais.

Líderes
O diretor do presídio, Ruy da Paz, disse que os líderes do motim são os mesmos que fizeram uma rebelião em 12 de outubro. "Após a rebelião, os líderes foram transferidos para Jequié. Mas, por pressão, retornaram a Salvador", afirmou o diretor.
O comandante da Polícia Militar da Bahia, coronel Jorge Luís de Souza Santos, disse que os policiais agiram com serenidade durante os momentos mais críticos da rebelião. "É muito difícil controlar 300 pessoas que não têm nada a perder e querem apenas a liberdade."
O secretário da Justiça e Direitos Humanos da Bahia, Sérgio Ferreira, divulgou nota oficial lamentando a morte da agente e determinou a abertura de uma sindicância para apurar as causas da rebelião.
De acordo com o secretário, a principal reivindicação dos líderes do motim é a transferência para os seus Estados de origem.
No final da tarde de ontem, a Secretaria da Segurança Pública nomeou uma comissão para fazer um levantamento sobre as penas dos principais líderes das últimas cinco rebeliões na Penitenciária Lemos de Brito. Existe a possibilidade de os líderes serem transferidos para outros presídios nos próximos 30 dias.


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