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São Paulo, domingo, 21 de dezembro de 2003

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SP 450

O Instituto Moreira Salles e o Sesi organizam exposição, a ser aberta em janeiro, em que serão reunidos mais de 450 trabalhos; 52 autores documentaram as mutações ocorridas na paisagem urbana paulistana desde 1826

Imagens fazem o resgate do que a cidade destruiu

EDNEY CIELICI DIAS
DA REDAÇÃO

Olhar a São Paulo do passado é em grande medida um exercício de procurar o que já não existe mais. Quanto mais antigo é o que se quer visualizar, mais improvável encontrar algum vestígio seu.
Da vila colonial isolada, quase nada resta na paisagem urbana -tampouco existe documentação iconográfica satisfatória.
Mesmo a cidade moderna, construída a partir da segunda metade do século 19, teve grande parte de sua arquitetura destruída -mas a fotografia preservou ao menos a sua imagem.
Antonio Fernando De Franceschi, superintendente-executivo do Instituto Moreira Salles, usa uma comparação para dar a magnitude da autofagia urbana paulistana. "Somente cidades que sofreram terremotos e bombardeios preservaram tão pouco de seu patrimônio arquitetônico."
Nesse contexto, iniciativas de trazer a público a herança iconográfica são uma espécie de "reapropriação da cidade".
O Instituto Moreira Salles -proprietário de um acervo de mais de 150 mil fotos, entre as quais registros raros de São Paulo- organiza com o Sesi (Serviço Social da Indústria) uma mostra de mais 450 imagens da cidade, a ser aberta ao público no dia 23 de janeiro na Galeria de Arte do Sesi, na avenida Paulista, 1.313.
A mostra trará também imagens do período pré-fotografia. Trata-se de gravuras do "Highcliffe Album", de 1826, organizado por Charles Landseer, que registrou o país pós-Independência.
Sabe-se que, em 1848, a daguerreotipia já era famosa entre os estudantes da Faculdade de Direito. Os acadêmicos recorriam a um lambe-lambe para tirar retratos.
Mas o grande retratista da paisagem paulistana surgiria mais de uma década depois. Militão Augusto de Azevedo é autor do "Álbum Comparativo de São Paulo, 1862-1887" -um dos destaques da exposição. Militão foi pioneiro na tentativa fotografar a cidade de maneira sistemática, justamente no período em que ela se transformava em grande centro.
O conjunto de imagens vai reunir trabalhos de 52 profissionais, cobrindo praticamente todas as décadas desde 1860 até hoje.



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