São Paulo, sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

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Maior parte dos acervos dos museus do país não tem seguro, dizem corretores

JULIO WIZIACK
DA REPORTAGEM LOCAL

A maior parte dos acervos dos museus brasileiros não está segurada. É o que afirmam corretores de seguro consultados pela Folha. Segundo eles, o Brasil entrou na rota dos traficantes de obras de arte e a falta de segurança das instituições afasta as seguradoras.
Estima-se que o Masp, cujo acervo está avaliado em cerca de US$ 1,2 bilhão, teria de pagar algo entre US$ 24 milhões e US$ 60 milhões anualmente por uma apólice completa.
Esse número varia de acordo com o risco oferecido pelos museus. Instituições que já tiveram histórico de furtos ou incêndios pagam mais caro.
Segundo Ricardo Chilelli, especialista da RCI First Security and Intelligence Advising, só 20% dos acervos culturais do país está catalogado. "Isso incentiva os ladrões, que somem com essas obras para esquentá-las depois", afirma.
Em geral, eles vendem essas obras que ficam circulando na surdina pelo mercado paralelo durante 20 anos, tempo de prescrição dos crimes. Depois, elas retornam ao mercado nas mãos de conhecidos colecionadores e até em casas de leilão.
Atualmente já existem exceções. No ano passado, o Museu da Chácara do Céu, no Rio de Janeiro, perdeu duas obras valiosas. Uma delas, "O Jardim de Luxemburgo", de Henri Matisse, esteve à venda pelo site russo Mastak, por US$ 13 milhões.
Segundo Marcelo Elias, diretor de vendas e marketing da Marsh Corretora, a falta de segurança espanta as seguradoras. "Só as principais obras costumam ser seguradas", afirma. "O risco é muito elevado. Em casos de roubo, a seguradora tem de pagar cerca de 70% do valor ao segurado," afirma. "O restante vem das companhias de resseguro, que compartilham o risco com as seguradoras." Atualmente, a corretora APR tentou vender um seguro integral para um museu paulista mas não encontrou empresas dispostas a fechar o negócio. "Está cada vez mais difícil", afirma o corretor Paulo Alves.


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