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União vai refinanciar dívida de faculdades
Governo divulgou regras para parcelamento de dívidas, impostos atrasados e contribuições que atingem cerca de R$ 7 bi
Facilidade é condicionada à adesão das instituições privadas ao Prouni, principal programa da propaganda estatal na área
IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Uma semana depois de lamentar o fim da CPMF, o Ministério da Fazenda divulgou
ontem regras para um novo
parcelamento de dívidas, impostos atrasados e contribuições não pagas ao INSS que
atingem cerca de R$ 7 bilhões.
Serão beneficiadas instituições
privadas de ensino superior
com débitos vencidos até 31 de
dezembro do ano passado.
O governo Lula não divulga
dados sobre o número de universidades em débito, tampouco confirma o valor total da dívida. Seriam cerca de 880 faculdades, segundo apurou a Folha, com o grosso da dívida registrada com o INSS (Instituto
Nacional do Seguro Social).
O parcelamento, instituído
na prática ontem, tem prazo de
adesão até o dia 30 de abril do
ano que vem. A principal exigência para que instituições se
beneficiem das facilidades é a
adesão ao Prouni, o Programa
Universidade para Todos, carro-chefe da propaganda estatal
na área de educação superior.
Depois de integrar o Prouni,
a instituição terá a possibilidade de parcelar os débitos em até
dez anos, com um valor mínimo de R$ 200 a ser pago até o
último dia útil de cada mês. O
financiamento é reajustado pela taxa Selic, atualmente em
11,25% ao ano.
As universidades ou mantenedoras não precisarão desembolsar dinheiro. O governo
aceitará o pagamento por meio
de títulos da dívida pública
emitidos em favor do Fies (Financiamento Estudantil). Este
programa foi criado por Fernando Henrique Cardoso em
1999 em substituição ao crédito
educativo.
Risco de calote
Hoje, alunos carentes possuem dificuldade de aderir ao
Fies pela falta de fiador -na
prática a instituição arca com
5% do risco de calote. Com o
parcelamento, não há mais necessidade de fiador e a universidade ou mantenedora segura
30% do risco.
Este não é o primeiro parcelamento de dívidas que beneficiou instituições de ensino superior. Procurado pela Folha, o
MEC confirmou as regras do
parcelamento mas não quis se
manifestar a respeito do assunto. Da mesma forma, a Receita
Federal e a Procuradoria Geral
da Fazenda Nacional mantiveram-se em silêncio após questionadas pela reportagem.
A ABMES (Associação Brasileira de Mantenedoras do Ensino Superior) e a Anup (Associação Nacional de Universidades Particulares) também não
se pronunciaram.
O pesquisador Gustavo
Ioschpe, mestre em desenvolvimento econômico pela Universidade Yale, diz ser "positiva toda a medida que ajude as
universidades e que possa aumentar o número de alunos no
ensino superior, uma vez que
esse número no Brasil é baixo".
Ressaltando que não havia
analisado a fundo a medida,
disse também ser necessário
tomar cuidado com relação ao
modelo adotado. "Os benefícios às instituições não podem
ser irresponsáveis, porque as
universidades, no fundo, são
empresas como as demais."
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