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FEBEM
Conselheiros tutelares relatam à Justiça que 70 internos sofreriam agressões constantes no local; entidade nega maus-tratos
Descumprido prazo de unidade improvisada
GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL
O que era para ser uma medida
alternativa de poucos dias para
viabilizar o fechamento da unidade 31 da Febem (Fundação Estadual do Bem-Estar do Menor) de
Franco da Rocha, no final do ano
passado, prolongou-se além do
prazo e já se transformou em um
novo alvo de denúncias de maus-tratos e tortura na instituição.
No final de dezembro, 250 internos da unidade 31 foram transferidos provisoriamente para as
unidades 5 e 12 do complexo Tatuapé. Era a alternativa para cumprir a promessa de fechamento da
unidade de Franco da Rocha, divulgada pelo governo paulista
desde o começo de 2003.
Internos ficariam no Tatuapé
com reforço de funcionários e policiais até que fossem levados para
novas unidades. O presidente da
Febem, Paulo Sérgio de Oliveira e
Costa, afirmou que a situação não
ultrapassaria o dia 13 de janeiro.
O prazo não foi cumprido.
Além disso, mães de internos e
conselheiros tutelares afirmam
que os jovens sofrem constantes
espancamentos. Relatório da Comissão de Acompanhamento das
Medidas Socioeducativas dos
Conselheiros Tutelares de São
Paulo foi encaminhado à Justiça.
No documento, conselheiros citam nomes de 23 internos da unidade 5 e de 47 da unidade 12, que
sofreriam agressões constantes.
Os internos também seriam obrigados a permanecer todo o dia
sentados, de frente para a parede.
A Promotoria da Infância e Juventude investiga as denúncias.
Internos ouvidos confirmaram os
espancamentos. O Ministério Público espera o resultado dos exames de corpo de delito.
Catorze entidades pediram autorização para visitar hoje o Tatuapé, o que foi negado pela Febem. O grupo tentará autorização
judicial para entrar nas unidades.
"Esse improviso pode se tornar
algo incontrolável", disse Ariel de
Castro Alves, do Movimento Nacional dos Direitos Humanos.
Em nota, o presidente da Febem
disse que as chuvas atrapalharam
as obras. O novo prazo das transferências ficou para 2 de fevereiro.
A nota também informa que as
"marcas e ferimentos" podem ter
sido provocados por um confronto entre adolescentes e agentes no
dia da transferência, "sendo necessária a contenção", e que a visita das entidades foi negada porque o pedido não obedeceu os
cinco dias de antecedência.
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