São Paulo, domingo, 22 de janeiro de 2006

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SAÚDE/OFTAMOLOGIA

Depois dos 40 anos, quase todas as pessoas terão perda da visão; ainda não há cura

Cirurgia a laser devolve a capacidade de ler de perto

FERNANDA BASSETTE
DA REPORTAGEM LOCAL

Encontrar a cura da presbiopia (conhecida também como vista cansada), sinal incontestável da chegada do envelhecimento, ainda é o principal desafio da oftalmologia. Isso acontece porque, quando o assunto é visão, 60% dos brasileiros que têm problemas para enxergar preferem estar bem longe dos óculos.
A presbiopia é uma conseqüência inevitável da idade. Trata-se do endurecimento do cristalino (lente dos olhos, responsável pelo foco da imagem), que, com o passar do tempo, perde sua capacidade de ajuste para focalizar objetos. A pessoa sente dificuldades para ler livros, jornais e bulas de remédio sem o auxílio de óculos.
Há pouco tempo, a única solução para a vista cansada era usar óculos de leitura ou com lentes multifocais. Porém, novas técnicas cirúrgicas têm sido usadas para combater a presbiopia -a mais recente é a cirurgia a laser.
Por meio do laser, a córnea é transformada em uma espécie de lente multifocal, para que a pessoa tenha boa visão a qualquer distância. "Você programa a parte central da córnea para enxergar de perto, e a parte periférica para enxergar de longe", explicou o oftalmologista Cláudio Lottenberg, presidente do Hospital Albert Einstein, que disponibilizará a cirurgia a partir de fevereiro.
Essa técnica, diz Lottenberg, é pouco invasiva e só não é indicada para quem trabalha com precisão ou dirige muito à noite, pois pode provocar alteração no brilho, ofuscamento da visão e diminuir a sensibilidade ao contraste. "Fora isso, o paciente ficará independente do uso de óculos", diz.
O oftalmologista Lêoncio Queiroz Neto, do Instituto Penido Burnier e diretor do Banco de Olhos de Campinas, concorda que o laser é uma das novas promessas para tratar a presbiopia, mas faz uma ressalva: "Assim como nas outras técnicas existentes, o laser tenta encontrar na córnea a solução para um problema que surgiu no cristalino. A presbiopia não vai chegar ao fim".
Outra técnica cirúrgica para dar fim à presbiopia está em estudo há um ano na Grande São Paulo. A pesquisa, que tem como objetivo corrigir a presbiopia por meio de radiofreqüência, é coordenada pelo oftalmologista José Ricardo Rehder, professor da Faculdade de Medicina do ABC.
"Por meio da radiofreqüência, a gente modifica a curvatura da córnea para tornar possível a visão de perto", explicou Rehder. Não é possível avaliar os resultados, pois o tempo de acompanhamento dos pacientes ainda é pequeno. E os benefícios são temporários (duram de dois a três anos). "Depois disso, pode haver a necessidade de outra cirurgia."


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