São Paulo, segunda-feira, 22 de janeiro de 2007

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Houve um somatório de erros, diz IPT

O presidente do IPT, Vahan Agopyan, descarta fatalidade no acidente no metrô; cronograma de elaboração do laudo sairá em 15 dias

Desmontagem da grua de 120 toneladas e 40 metros de altura continuará até quinta-feira; marginal continua com interdições


EVANDRO SPINELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

O Instituto de Pesquisas Tecnológicas descarta fatalidade no desabamento da futura estação Pinheiros da linha 4-amarela do metrô de São Paulo. Segundo o presidente do IPT, Vahan Agopyan, um "somatório de erros" causou o acidente.
Seis pessoas morreram na cratera no dia 12. Uma pessoa continua desaparecida. As buscas continuam, mas há dúvidas se ela estaria sob os escombros. "Está claro que houve erros.
Nós tivemos um acidente. Algumas coisas saíram erradas, sem dúvida", disse Agopyan.
Ele não quis apontar possíveis causas. Questionado sobre a possibilidade de as chuvas terem causado o acidente, como defendeu o Consórcio Via Amarela em nota, Agopyan disse que "pode ter sido o deflagrador, mas há outros fatores".
"A chuva é previsível, assim como as detonações. É prematuro falar em causas", afirmou.
De acordo com o presidente, o IPT está levantando as informações disponíveis sobre a obra e dentro de aproximadamente 15 dias será divulgado um cronograma de elaboração do laudo. Não há prazo para a emissão do documento.
O governo do Estado contratou o IPT, órgão ligado à administração, para elaborar o laudo do acidente. Se houver necessidade, o órgão poderá trazer técnicos estrangeiros. Agopyan disse que os técnicos do IPT já estão fazendo o levantamento do material técnico disponível -projetos, cálculos, laudos etc. Ainda não se sabe se destroços do acidente serão analisados em laboratório.
Ele disse que, durante os trabalhos do órgão, não haverá necessidade de paralisação da obra. "Já temos os dados básicos. Provavelmente isso [a continuidade da obra] não afetaria.
Até porque houve um desmoronamento e já não existem mais as evidências." Agopyan -PhD em engenharia civil e especialista em materiais e componentes de construção civil- disse que é cedo para apontar o método construtivo como uma das causas. Reportagem de ontem da Folha relatou que especialistas consideram o uso do "tatuzão" mais seguro que o modelo empregado na obra, que utiliza explosivos e retroescavadeiras para perfurar as rochas.
"Acho prematuro dizer que deveria ter sido feito assim ou assado. Não é tão evidente."
O Consórcio Via Amarela tem dito, desde o dia do acidente, que não comentaria as causas do desmoronamento antes da emissão do laudo.

Desmontagem da grua
Nem as chuvas, leves pela manhã e fortes na hora do almoço, atrapalharam ontem o trabalho de retirada da grua de 120 toneladas e 40 metros de altura, que continuava na borda da cratera.
O processo de desmontagem, que contou com 30 funcionários e três guindastes de 500, 300 e 200 toneladas, começou por volta das 6h.
Antes das 17h, toda a parte horizontal da grua e a ponta da torre haviam sido retiradas.
Às 7h de hoje, o Consórcio Via Amarela pretende retomar a desmontagem da torre da grua -a parte vertical de sustentação. De acordo com o consórcio, todo o trabalho deve estar concluído até a próxima quinta-feira.
Até lá, a marginal Pinheiros continuará com interdições. À noite, das 23h às 5h, a pista local estará toda fechada. De dia, uma das faixas será reaberta.


Colaborou ROBERTO DE OLIVEIRA, da Revista da Folha

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