São Paulo, terça-feira, 22 de janeiro de 2008

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Droga é associada a "pensamento suicida"

Essa foi uma das possibilidades de alterações psíquicas que constam na bula do Champix, medicamento antifumo da Pfizer

Novo texto foi aprovado pela Anvisa; atualizações fazem parte da rotina farmacêutica, afirma o laboratório Pfizer

MÁRCIO PINHO
DA REPORTAGEM LOCAL

O laboratório americano Pfizer incluiu na bula do Champix, medicamento usado por quem quer parar de fumar, a possibilidade de alterações psiquiátricas -como pensamentos suicidas- nos usuários do produto.
O novo texto já foi aprovado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e está agora em fase de implementação, devendo acompanhar o produto antitabaco em breve. A fabricante disse ontem que atualizações de bula fazem parte da rotina no mercado farmacêutico, à medida que novos relatos aparecem.
Em nota, a Pfizer afirmou que a atualização é necessária "para garantir que os profissionais de saúde e os pacientes considerem essas novas informações ao discutirem o tratamento com o remédio".
Além da possibilidade de pensamentos suicidas, já haviam sido incluídas na bula outras possíveis alterações após relatos de casos, como comportamento depressivo e agitação.
As mudanças implementadas na bula do remédio no Brasil já ocorreram também em outros países -na última sexta, foi a vez dos Estados Unidos.
Desde novembro, o FDA (agência americana que regula o setor de medicamentos) fazia uma revisão de segurança no produto após receber relatos sobre pacientes que tiveram pensamentos suicidas e comportamentos agressivos.
A Pfizer disse que, nos estudos clínicos com mais de 5.000 pacientes tratados com Champix, não foram verificados os sintomas adicionados à bula recentemente e que não foi comprovada, portanto, nenhuma relação entre causa e efeito.
O laboratório não informou ontem, entretanto, o número de eventos adversos registrados que fizeram com que a empresa promovesse as alterações. Segundo o setor de farmacovigilância da Anvisa, não houve relatos de eventos adversos em 2007 e em 2008.
De acordo com o diretor médico da empresa no Brasil, João Fittipaldi, não é apenas a quantidade de eventos que deve ser considerada mas também outros fatores -como a credibilidade e a origem dos relatos.

Pioneiro
Lançado em 2006, o Champix foi classificado pela Pfizer como o primeiro de um novo tipo de terapias para parar de fumar. O remédio já foi vendido a mais de 4 milhões de pacientes nos EUA, segundo a empresa.
A vareniclina -princípio ativo do Champix- foi projetada para atuar no mesmo receptor da nicotina para aliviar a ansiedade e a abstinência, enquanto bloqueia os efeitos da nicotina.
O tratamento dura 12 semanas. Para Jaqueline Scholz Isa, diretora do Programa de Tratamento do Tabagismo do InCor (Instituto do Coração), ainda é preciso cuidado na prescrição por ser um produto novo.
Contudo, ela diz que as possíveis alterações adicionadas à bula podem ser próprias de alguém que tenta largar o fumo, com ou sem remédio. Segundo ela, não foi observada nenhuma "anormalidade" nos mais de 150 pacientes que se tratam com o Champix no InCor. "Não vejo motivo para pânico ou para condenar o remédio. Ele aparenta ser bastante seguro."


Colaborou MARIO CESAR CARVALHO , da Reportagem Local

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