|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Apesar de proibição, bares de SP cobram taxa de consumação
Casas oferecem bônus, como drinques, ou dão ao cliente a opção de pagar só para entrar ou um valor maior "consumível"
Para Procon-SP, prática
lesa o frequentador e é proibida por lei estadual de 2005 e pelo Código de Defesa do Consumidor
MÁRCIO PINHO
DA REPORTAGEM LOCAL
A taxa de consumação sobrevive à lei que a proibiu no Estado em 2005. Antes cobrada por
bares e casas noturnas como
entrada, é agora apresentada
como "opção" ou "bônus". A
justificativa é o desejo do cliente de não pagar apenas para entrar, podendo empregar parte
do dinheiro em bebidas dentro
da casa. Para o Procon, a prática
é irregular e lesa o consumidor.
O DJ Club Bar, nos Jardins,
cobra de quem põe nome na lista R$ 15 de entrada ou R$ 25
consumíveis. A Lôca, na região
central, e Clash Club, na Barra
Funda, são outros exemplos. A
prática também ocorre em casas do litoral, como o Galeão, na
praia de Camburi, em São Sebastião, e a Uptown, em Santos.
A proibição em 2005 somou-se ao Código de Defesa do Consumidor, que não permite condicionar um serviço a um consumo - a venda casada.
Segundo o diretor de fiscalização do Procon-SP, Paulo Arthur Góes, a lei estadual deixa
claro que o veto "estende-se a
todo e qualquer subterfúgio,
utilizado pelas casas noturnas,
para, mesmo disfarçadamente,
efetuar a cobrança".
Entre esses subterfúgios estão tanto o consumo opcional,
pois o cliente pode perder o que
não usar, como brindes ou bônus. O Café Photo, casa noturna de luxo em São Paulo, por
exemplo, cobra R$ 190 de entrada de segunda a sexta, com
direito a quatro drinques. "São
valores que vão embutidos no
preço", afirma Góes.
"Prefiro pagar um pouco
mais, mas poder aproveitar esse dinheiro lá dentro do que pagar apenas para sorrir", disse o
administrador de empresas
Marcos Morandi, 25, na porta
da Clash Club, na Barra Funda.
O empresário Rafael Marine
tem opinião diferente. "Não bebo álcool, então pago a entrada
mesmo, pois não tenho de pagar um valor que depois não
vou usar em consumação."
A maioria das casas onde a
Folha constatou a cobrança
preferiu não comentar. Algumas, extraoficialmente, disseram que era um anseio dos
clientes que não queriam "perder" o valor da entrada sem nada consumir.
Jorge Suplicy, dono da Uptown, casa em Santos que torna
"consumível" parte da entrada,
nega cobrar consumação. "Seria proibido cobrar as duas coisas, como faziam antes. Hoje, a
maioria dá algo para o cliente."
Ricardo Bartoli, presidente
da Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes),
critica a lei estadual. "Cada proprietário tem direito de cobrar
entrada ou consumação. É o
mercado que tem de se ajustar."
Texto Anterior: Prefeitura sabia desde 2007 que templo da Renascer na Mooca estava irregular Próximo Texto: São Paulo: Prisão de delegado do Deic é irregular, afirma advogado Índice
|