São Paulo, sábado, 22 de janeiro de 2011

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Prefeitura de Embu "troca" moradores de áreas de risco

Para famílias e geólogo, novo trecho, que fica em barranco sobre túnel, é perigoso; prefeitura nega

CRISTINA MORENO DE CASTRO
DE SÃO PAULO

Quem passa pelo túnel Mário Covas, no Rodoanel, consegue avistar sobre ele algumas casas. Ali vivem, num barranco, 65 pessoas. As casas foram erguidas pela Prefeitura de Embu (Grande SP) para abrigar famílias transferidas de uma área de risco.
Para os moradores, o novo ponto é também de risco. Para a prefeitura, não.
No bloco A, bastam dois passos para passar das casas ao começo do barranco. Por ali, uma criança de um ano foi engatinhando e rolou por 10 m, sendo aparada pela vegetação. Ficou só esfoliada.
Três das sete casas do bloco têm rachaduras profundas, no chão e em paredes. Atrás delas, um barranco leva ao fundo do bloco B. Mais acima está o bloco C, cujas casas já começam a rachar e sofrem com a enxurrada.
Separando blocos da rua, há uma vala de 30 cm formada pela erosão da chuva.
Todas as casas são padronizadas: feitas de compensado de madeira, pintadas de verde e com a base de tijolos.
"Trata-se de um terreno com declividade elevada e precárias condições de drenagem, ocupado por edificações construídas sem fundações adequadas. Portanto, são características de uma área de risco", diz o geólogo Fernando Kertzman.
A prefeitura discorda. O geólogo Paulo Brandão, coordenador da Defesa Civil local, diz que atestou que a área não traz perigo e, por isso, ali foi erguido o alojamento.
Segundo ele, as rachaduras e o fato de algumas casas estarem à beira de um barranco não significam que elas correm "risco geológico geotécnico" de cair. A Defesa Civil, acrescenta, monitora constantemente o lugar.
Os moradores reclamam. "Passa caminhão no Rodoanel e treme tudo aqui em cima", afirma a costureira Maria Aparecida Silva, 54.
"Tem uma pedrona em cima do barranco. Fico com medo de cair aqui", diz a dona de casa Gislene Silva, 24, que já teve a casa alagada.
Todos foram transferidos de janeiro a março de 2010 e ficariam até dezembro, mas foram informados que o prédio para onde serão levados só ficará pronto em julho.
"E é uma situação provisória. Elas vão para um lugar com mais segurança e não haverá mais nada ali", diz Brandão, da Defesa Civil.


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