São Paulo, domingo, 22 de fevereiro de 2004

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CARNAVAL

Barroca Zona Sul, que levou ao sambódromo enredo sobre a religião em São Paulo, perdeu pontos antes de começar o desfile

Segunda noite começa com chuva e fé

Jefferson Coppola/Folha Imagem
Folião da Barroca Zona Sul, cujo desfile foi prejudicado pela chuva e pelo desânimo por causa da perda antecipada de pontos


DA REPORTAGEM LOCAL

A Barroca Zona Sul abriu ontem, às 22h25, debaixo de chuva, a segunda noite dos desfiles das escolas de samba do Grupo Especial do Carnaval paulistano.
A agremiação contou em seu enredo os 450 anos de fé da cidade de São Paulo, falando de variadas crenças, em um tema preparado pelo carnavalesco Augusto de Oliveira, ex-padre salesiano, que trabalhava na Beija-Flor, em 1989, quando a escola do Rio de Janeiro teve de cobrir um carro alegórico que trazia Jesus Cristo representando um mendigo.
A apresentação da Barroca, que começou 25 minutos depois do horário previsto, foi prejudicada não só pela chuva, mas também pelo desânimo de alguns integrantes por conta da perda antecipada de dois pontos, determinada pela Liga Independente, em razão do atraso no prazo de entrega de uma pasta de documentos com dados da escola para os jurados.
O presidente da escola, Luís Paulo dos Santos, assumiu o seu erro, ontem à noite, e tentou, no microfone do carro de som, estimular a animação dos foliões.
Por conta da chuva, as fantasias chegaram a cair no meio do caminho, e as principais passistas da Barroca sambaram com receio de cair no meio da avenida. Santos afirmou, porém, que a utilização de plumas artificiais evitou mais dificuldades.
Mesmo falando de fé, crenças e Deus e trazendo referências em suas alas de uma cidade multirreligiosa (como uma estrela-de-Davi, símbolo judaico, uma comissão de frente representando os jesuítas e alas de crenças alternativas, como numerologia e tarô), a Barroca não apresentou imagens polêmicas que poderiam ofender a Igreja Católica.
A segunda escola a entrar no Sambódromo do Anhembi foi a Imperador do Ipiranga, vice-campeã do Grupo de Acesso no ano passado. A chuva não prejudicou tanto as alegorias e fantasias da Imperador do Ipiranga, porque a escola usou penas e tecidos sintéticos. Em uma das alas da escola, cegos vestidos de dom Pedro não faziam coreografia. Ela falou sobre a história do bairro da zona sul. A Vai-Vai também entraria na avenida, durante a madrugada, para contar a história do seu próprio bairro, o Bexiga (centro de São Paulo).
A segunda noite também seria marcada por temas culturais tratados pelas agremiações. A Nenê de Vila Matilde encerraria a última noite de desfile falando da Bienal e levando artistas plásticos renomados, como Siron Franco, José Roberto Aguilar e Cláudio Tozzi, para a avenida. Esses destaques "eruditos" no tema da escola de samba, eram vistos com expectativa por causa da tradição da Nenê de representar uma comunidade da periferia, na zona leste.
Antes, a Leandro de Itaquera falaria dos 450 anos de São Paulo "no palco da cultura", e a Rosas de Ouro traria réplicas de monumentos famosos da capital paulista, como a estátua de Borba Gato, além da arquitetura de Ramos de Azevedo, que projetou o Teatro Municipal.
Todas as 16 escolas do Grupo Especial do Carnaval de São Paulo tiveram a missão de falar de temas ligados aos 450 anos da capital paulista.
(ALENCAR IZIDORO, AMARÍLIS LAGE, MARIANA VIVEIROS E SIMONE IWASSO)


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