DA REPORTAGEM LOCAL

Maria Salete Cacilha de Carvalho, 54, afirma que ainda tem esperança. Ionice Urbano da Luz, 78, diz que já cansou de esperar. Mães de presos mortos na invasão da Casa de Detenção, em 1992, as duas tinham a expectativa de que tudo seria rápido, a condenação dos culpados e a indenização por danos morais. Hoje, passados 13 anos, não conseguiram presenciar nenhuma coisa nem outra.
"Para invadir a cadeia e matar os presos, eles são bem rapidinhos. Mas, quando é para resolver, enrolam a gente", diz Maria Salete. A Justiça já determinou a indenização por danos morais de cem salários mínimos, mas ainda não há previsão de pagamento.
"O dinheiro não vai trazer a vida do meu filho. Mas pelo menos vou conseguiu acabar a minha casa, que há dez anos não consigo terminar", diz Maria Salete, que perdeu um filho de 21 anos.
Ionice está ainda em pior situação. O pedido de indenização foi rejeitado na primeira e segunda instâncias e foi parar no STF (Supremo Tribunal Federal). Para os juízes que analisaram a ação, a culpa foi dos presos, que se amotinaram e resistiram. "A gente corre, se desgasta, e não adianta nada. Quero esquecer isso tudo. É uma luta que não tem vitória", afirma Ionice.


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