São Paulo, quarta-feira, 22 de fevereiro de 2006

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ESTRANHOS NO PARAÍSO

Polícia de Nova Jersey procura Carla Vicentini, vista pela última vez no dia 9 com um homem

Estudante brasileira desaparece nos EUA

Dirceu Portugal
Tânia (esq.) falou com a filha, Carla (dir.), pela última vez no dia 8, um dia antes do desaparecimento


DA FOLHA ONLINE
DA AGÊNCIA FOLHA


A polícia do Estado americano de Nova Jersey está à procura da estudante brasileira Carla Vicentini, 22, que desapareceu no dia 9 na cidade de Newark, onde trabalhava em um restaurante. Segundo o Departamento de Polícia de Newark, a estudante de Goioerê (PR) foi vista pela última vez em um bar na companhia de um homem branco, de aproximadamente 30 anos, cabelos levemente grisalhos, cerca de 1,75 m e 90 kg, que vestia uma camiseta preta.
O Consulado-Geral do Brasil em Nova York informou que Carla entrou legalmente nos Estados Unidos em janeiro para participar de um intercâmbio. "Já procuraram em hospitais, nestes lugares óbvios, para saber se, por acaso, ela teria se acidentado ou se teria ficado doente. Mas nada foi encontrado", disse à Folha, por telefone, o cônsul-adjunto do Brasil em Nova York, George Prata.
"Estamos procurando pela pessoa que estava em sua companhia. Sabemos onde ela foi vista pela última vez, mas não sabemos quem era a pessoa que estava com ela", afirmou o capitão Derek Glenn, da Polícia de Newark, em entrevista à Folha.
Um amigo de Carla recebeu uma ligação anônima dizendo que ela estava sendo mantida contra a sua vontade em um apartamento na cidade de Honesdale, no Estado da Pensilvânia. Os investigadores, entretanto, ainda não conseguiram confirmar se a informação é uma pista real.
A brasileira Maria Eduarda Ribeiro, que dividia uma apartamento com Carla e informou o desaparecimento à polícia, contou ao jornal Brazilian Voice, voltado para a comunidade brasileira, que a jovem havia bebido muito naquela noite, acompanhada de um homem.
"Ela me avisou que ia sair com esse cara e que depois ela iria em casa. Que no máximo em dez minutos ela estaria em casa e abriria a porta para eu entrar", disse. "Tentei falar com o cara. Ele não falava uma palavra de português e ela não falava uma palavra de inglês. Ela estava sem documentos, sem dinheiro, nada."

Último telefonema
Na última vez em que Tânia Vicentini, mãe de Carla, falou com a filha pelo telefone, a estudante descreveu detalhes do uniforme que usava, no restaurante onde foi trabalhar como garçonete.
A mãe disse à Folha que ouviu a voz da filha pela última vez no dia 8. Ela afirmou que soube do desaparecimento por meio de Maria Eduarda.
Segundo a mãe, Carla telefonava diariamente e dizia que estava feliz porque ia juntar dinheiro para se casar com o namorado, que mora no Brasil. "Tenho certeza de que ela está impossibilitada de se comunicar. Se estiver consciente, deve estar tão aflita quanto nós, ou até mais, por medo. Sabe-se lá em que condição está."
O contador Orlando Vicentini, pai da estudante, afirmou que não era favorável à viagem, mas que a filha tinha um desejo muito grande de aperfeiçoar os estudos de inglês e trabalhar no exterior.
Ele disse que não queria que ela trancasse o curso de graduação em engenharia têxtil para ir viajar.
Para fazer a viagem, ela contratou o serviço da agência de intercâmbio World Study, que oferece um programa pelo qual os estudantes conseguem contratos de trabalho temporário em outros países. A assessoria de imprensa da agência afirmou que não tem como monitorar os estudantes durante todo o tempo, mas que oferece orientação e atendimento necessários. Também informou que está ajudando a polícia norte-americana.
O Ministério das Relações Exteriores informou que solicitou esclarecimentos sobre o caso ao consulado em Nova York e aguarda resposta. (GUILHERME GORGULHO E JOANA CUNHA)

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