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ENCHENTE
Cerca 33 mil estão desabrigados
Chuva não dá trégua e rio sobe mais no Acre
SÍLVIA FREIRE
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RIO BRANCO
JOSÉ EDUARDO RONDON
DA AGÊNCIA FOLHA
Uma semana depois do decreto
de situação de emergência em Rio
Branco, a chuva ainda não parou
e o rio Acre continua a subir.
Ontem às 12h, segundo a Defesa
Civil, o nível do rio era de 16,73 m.
Anteontem, era de 16,69 m. Choveu durante toda a madrugada de
ontem, e o aeroporto chegou a fechar. O centro da capital acreana,
localizado em uma área alta, quase não apresenta indícios da enchente, que já atinge 33.200 pessoas -mais de 10% da população
da capital (306 mil habitantes).
Cerca de um quilômetro da região central, o quadro é outro.
Mais de 2.000 casas estão alagadas, segundo a Defesa Civil. Em
algumas só é possível chegar de
barco, já que as ruas estão cobertas por uma água escura e malcheirosa, que continua a subir.
No bairro Taquari, a família de
Maria José da Costa Macedo, 67,
que está sem luz e sem água há
dez dias, diz que só sai se a água
atingir o primeiro andar da casa.
Ontem, faltavam cerca de 40 cm
para isso acontecer. O andar térreo, onde a família tem um mercadinho, já estava inundado. "Se a
gente sair, o ladrão vem e leva tudo", disse a garçonete Angelina
Silva Vieira, nora de Macedo.
Desde que a água cobriu a rua,
Vieira espera diariamente passar
uma canoa para ir trabalhar. O canoeiro cobra R$ 0,50 para levá-la
até a rua seca mais próxima.
Cleverlândia Carneiro da Silva,
30, que está há oito dias abrigada
em um parque de exposição, contou que o cômodo de 9 m2 onde
morava com o marido e os filhos
foi arrombado e teve as telhas e o
fio de eletricidade furtados.
Há casos confirmados de diarréia entre os desabrigados. A Secretaria da Saúde não havia contabilizado o número de afetados.
"Todas as pessoas que estão em
abrigos e desalojadas são acompanhadas por médicos e agentes
de saúde. Em casos suspeitos de
doenças relacionadas ao contato
com águas contaminadas, como
diarréia, leptospirose e hepatite,
exames laboratoriais são realizados", disse o secretário da Saúde,
Francisco Eduardo de Farias
A aposentada Francisca de Lima, 67, que abrigou oito parentes,
pedia ontem ajuda para alimentar
os hóspedes. "Estou com oito pessoas em casa, como vou manter
esse povo? A prefeitura disse que
só pode dar alimentos para quem
está nas escolas [abrigos]."
O Ministério da Integração Nacional, por intermédio da Secretaria Nacional de Defesa Civil, enviará 10 mil cestas básicas à capital
do Estado até o final de semana.
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