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Por R$ 0,50, canoa deixa moradores em casa
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RIO BRANCO
Nos últimos oito dias, o pedreiro Raimundo Marinho Monteiro,
do bairro Seis de Agosto, em Rio
Branco, trocou de atividade. É canoeiro e cobra, em geral, R$ 0,50
para levar o passageiro em uma
pequena canoa até a porta de casa.
À noite, a passagem chega a custar R$ 2. O transporte de um galão
de água de 20 litros sai por R$ 1.
Bicicletas custam R$ 0,50.
O transporte de moradores pelas ruas alagadas da capital virou
alternativa de renda para muita
gente que está sem poder trabalhar. São vítimas da cheia que tentam ganhar algum dinheiro.
"Não posso passar o dia fora
porque tenho que tomar conta da
minha casa, que está alagada. Então, estou trabalhando com a canoa", disse Monteiro.
"A catraia [canoa] garante o pão
de cada dia", disse o carpinteiro
José Augustinho Ferraz. Ele trabalha diariamente até a meia-noite e fatura até R$ 25 por dia. "À
noite, cobro R$ 1 porque é mais
perigoso. Tem cobra e jacaré."
Osmar Olímpio Felisberto, 67,
que já transportava pessoas pelo
rio Acre antes da enchente, está
ganhando mais agora. Chega a faturar R$ 70 por dia. Antes, ganhava de R$ 20 a R$ 25. "Agora, dá
mais trabalho porque tem que
deixar o passageiro em casa, é
mais longe [do que atravessar o
rio Acre]", diz Felisberto. Segundo ele, a concorrência fez o preço
baixar de R$ 0,75 para R$ 0,50.
Ontem à tarde, no bairro Seis de
Agosto, uma menina de 13 anos e
o amigo de 12 levavam passageiros em uma canoa. O casal Maria
Ivonete Quadros e Sebastião Barros, que vendia frutas antes da enchente, também entrou no negócio. "A gente tem que fazer isso
para conseguir alguma coisa", diz
a mulher. "Dá para a carne e o
pão", afirma o marido. Segundo
ele, se o passageiro não tiver dinheiro, é transportado de graça.
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