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São Paulo
Vila Maria e Tom se destacam
No primeiro dia de desfiles em SP, Vila Maria levou luxo ao Anhembi, e Tom Maior empolgou público
Nenê, Rosas de Ouro e X-9 Paulistana também agradaram o sambódromo; escolas disseram que perderam patrocínios
Almeida Rocha/ Folha Imagem
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Adriana Bombom, rainha da bateria da Tom Maior, no primeiro dia de desfiles em São Paulo; para reverter falta de recursos e plumas, escola usou muita palha
DA REPORTAGEM LOCAL
A Unidos de Vila Maria tomou o Sambódromo do
Anhembi na madrugada de sábado com um desfile técnico e
luxuoso, o mais opulento da
primeira noite do Grupo Especial do Carnaval de São Paulo
-marcada por enredos sobre
riqueza em tempos de crise.
Mas a diversão ficou por conta da criatividade da Tom
Maior, do samba da Nenê e das
cores da Rosas de Ouro, além
do enredo surreal da X-9 Paulistana que misturou Amazônia, Lula, Bush e Obama.
A Vila Maria, terceira a desfilar, não poupou penas e plumas
nos carros acoplados e 29 alas
bem acabadas e compactas (foram 5.000 componentes a desfilar, quase o dobro de outras
escolas), para lutar pelo título.
A agremiação terminou o
desfile aos 63 minutos (65 é o limite) com um carro sobre a
opulência da economia americana, representada pelo touro
(dourado e articulado) de Wall
Street, além de pirâmide vazada com 30 homens musculosos.
"A crise atrapalhou, porque
os patrocinadores [bancos] sumiram. Mas Carnaval é tempo
de alegria", disse o presidente
da escola, Paulo Ferreira.
Psicodelia política
Em um Carnaval marcado
pela crise econômica, a Tom
Maior (que também amargou a
perda de patrocínios) usou a
criatividade para reverter a falta de plumas e outros luxos.
Havia muita palha nas alas e
carros, material que combinou
com o enredo sobre Angola -e
que tinha o cantor Martinho da
Vila como homenageado. O
abre-alas, sobre a guerra civil
no país africano, trouxe soldados e metralhadoras.
O samba-enredo agradou. As
coreografias, bem ensaiadas,
chegaram às arquibancadas,
com os trechos: "Vamos girar" e
"Deixa o corpo balançar". Uma
ala de senhoras com seios à
mostra arrancou sorrisos.
Já a X-9 Paulistana ofereceu
ao público que diminuía (a escola entrou com o dia amanhecendo) uma miscelânea de referências culturais e políticas,
em um enredo complexo, sobre
a "internacionalização da Amazônia" -difícil de digerir.
Um único carro trazia, ao
mesmo tempo, um grande palhaço com roupa representando a bandeira dos EUA com réplicas do presidente Lula nas
mãos; um travesti (Zica) vestido com o famoso vestido de
seios pontiagudos de Madonna;
sósias de Amy Winehouse (com
uma vodca na mão) e da Mulher Maravilha; no topo de tudo, o "corvo azul da ambição".
Em outro carro, Rita Cadilac
dançava dentro de uma melancia gigante, ao lado de bananas
com mensagens de uso de camisinha e um abacaxi (troféu
do Chacrinha). No topo da alegoria, a modelo Viviane Castro
(que ficou conhecida no último
Carnaval do Rio pelo polêmico
tapasexo de quatro centímetros que teria caído no desfile
da São Clemente) estava seminua -mas com o corpo pintado
com o rosto do presidente americano, Barack Obama.
A Nenê de Vila Matilde começou sua apresentação sobre
os 60 anos da escola já com o sol
raiando para encerrar o primeiro dia de desfiles, mas contagiou o público, mesmo às 7h.
Porém teve problemas técnicos
-como a inversão de alas após
a quebra de um carro e a correria para não estourar o tempo.
Antes, a Rosas de Ouro também havia acelerado o final do
seu desfile (sobre os bastidores
do Carnaval), apressando inclusive a rainha da bateria,
Ellen Roche, que aos 63 minutos ainda não havia cruzado a linha de chegada. Mas a escola
fez um desfile colorido e bonito, que chegou a animar a arquibancada por momentos.
Já a Unidos do Peruche (que
falou de joias) e a Mancha Verde (que homenageou Pernambuco e distribuiu bandeiras
pouco agitadas pelo público) fizeram desfiles simples, que
contrastaram com o nível técnico das outras escolas.
(WILLIAN VIEIRA, ALENCAR IZIDORO, ALESSANDRA BALLES, EVANDRO SPINELLI E RICARDO SANGIOVANNI)
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