São Paulo, domingo, 22 de fevereiro de 2009

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Rio de Janeiro

Verba pública socorre festa na Sapucaí

Com patrocínios em baixa, escolas obtêm recurso da prefeitura, Estado e Eletrobrás

Antes do socorro financeiro, agremiações apelaram para compras fiadas, trocaram materiais e adiaram a montagem de alegorias

LUIZ FERNANDO VIANNA
PEDRO SOARES

DA SUCURSAL DO RIO A crise financeira internacional afugentou os patrocinadores, a alta do dólar encareceu o material, a eleição atrasou a subvenção municipal. Foi em clima de "apertem os cintos, o dinheiro sumiu!" que as 12 escolas de samba do Grupo Especial do Rio se prepararam para o desfile que começa hoje, às 21h, na Sapucaí.
Mas, embora tarde, o socorro com dinheiro público não falha. Nas duas últimas semanas jorraram R$ 4,8 milhões da Prefeitura do Rio, outros R$ 4,8 milhões do governo do Estado e foram anunciados R$ 3 milhões da Eletrobrás. A Liesa (Liga Independente das Escolas de Samba) ainda divulgou na sexta-feira R$ 1 milhão da Andrade Gutierrez, mas a construtora não confirmou.
A verba da Eletrobrás resultou da intervenção do presidente Lula, que em 2008 já instruíra a Petrobras a apoiar as escolas. Nesta noite, Lula estará pela primeira vez no sambódromo para torcer pela Beija-Flor. Ele poderá ainda apadrinhar o intérprete Neguinho da Beija-Flor, que luta contra um câncer e se casará na avenida.
Com a generosidade dos três níveis do Executivo, cada agremiação receberá, no mínimo, R$ 3,5 milhões, somadas aí as verbas provenientes da transmissão da TV, do CD dos sambas-enredo e do merchandising no sambódromo.
Enquanto a bonança não vinha, várias escolas apelaram para compras fiadas, trocaram materiais de luxo por outros mais simples e retardaram a montagem das alegorias.

Nem a Beija-Flor
Mesmo a poderosa Beija-Flor não conseguiu patrocínio para seu enredo sobre banhos, com o qual pretende conquistar seu terceiro campeonato.
"Acho que isso pôs a Beija-Flor em pé de igualdade com as outras", diz o carnavalesco da escola de Nilópolis, Alexandre Louzada, que estima em R$ 7 milhões o custo total do desfile.
Antes simples, a Unidos de Vila Isabel ganhou o Carnaval de 2006 com luxo, que também usará hoje para contar a história do Teatro Municipal do Rio.
"É um desfile caro, rico em detalhes", diz Alex de Souza, que divide a função de carnavalesco com Paulo Barros, criador de encenações para alegorias.
A única agremiação que conseguiu patrocínio foi a Grande Rio. Recebeu cerca de R$ 4 milhões de empresas francesas e da Prefeitura de Nice para falar das relações entre França e Brasil, em um desfile luxuoso.
Se a Mocidade Independente sofreu para, com pouca verba, concluir sua homenagem a Machado de Assis (morto em 1908) e Guimarães Rosa (nascido em 1908), o Império Serrano fará um desfile já pago, do qual o grande trunfo é a reedição do samba-enredo de 1976 sobre sereias e outras lendas do mar.
A última a se apresentar será a Unidos da Tijuca, com um enredo definido pelo carnavalesco Luiz Carlos Bruno como "leve, solto": "Uma Odisseia sobre o Espaço" trará a visão do homem sobre os céus, da astronomia ao cinema.


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