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Rio de Janeiro
Verba pública socorre festa na Sapucaí
Com patrocínios em baixa, escolas obtêm recurso da prefeitura, Estado e Eletrobrás
Antes do socorro financeiro, agremiações apelaram para compras fiadas, trocaram materiais e adiaram a montagem de alegorias
LUIZ FERNANDO VIANNA
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
A crise financeira internacional afugentou os patrocinadores, a alta do dólar encareceu o
material, a eleição atrasou a
subvenção municipal. Foi em
clima de "apertem os cintos, o
dinheiro sumiu!" que as 12 escolas de samba do Grupo Especial do Rio se prepararam para
o desfile que começa hoje, às
21h, na Sapucaí.
Mas, embora tarde, o socorro
com dinheiro público não falha.
Nas duas últimas semanas jorraram R$ 4,8 milhões da Prefeitura do Rio, outros R$ 4,8 milhões do governo do Estado e
foram anunciados R$ 3 milhões
da Eletrobrás. A Liesa (Liga Independente das Escolas de
Samba) ainda divulgou na sexta-feira R$ 1 milhão da Andrade
Gutierrez, mas a construtora
não confirmou.
A verba da Eletrobrás resultou da intervenção do presidente Lula, que em 2008 já instruíra a Petrobras a apoiar as
escolas. Nesta noite, Lula estará pela primeira vez no sambódromo para torcer pela Beija-Flor. Ele poderá ainda apadrinhar o intérprete Neguinho da
Beija-Flor, que luta contra um
câncer e se casará na avenida.
Com a generosidade dos três
níveis do Executivo, cada agremiação receberá, no mínimo,
R$ 3,5 milhões, somadas aí as
verbas provenientes da transmissão da TV, do CD dos sambas-enredo e do merchandising
no sambódromo.
Enquanto a bonança não vinha, várias escolas apelaram
para compras fiadas, trocaram
materiais de luxo por outros
mais simples e retardaram a
montagem das alegorias.
Nem a Beija-Flor
Mesmo a poderosa Beija-Flor não conseguiu patrocínio
para seu enredo sobre banhos,
com o qual pretende conquistar seu terceiro campeonato.
"Acho que isso pôs a Beija-Flor em pé de igualdade com as
outras", diz o carnavalesco da
escola de Nilópolis, Alexandre
Louzada, que estima em R$ 7
milhões o custo total do desfile.
Antes simples, a Unidos de
Vila Isabel ganhou o Carnaval
de 2006 com luxo, que também
usará hoje para contar a história do Teatro Municipal do Rio.
"É um desfile caro, rico em
detalhes", diz Alex de Souza,
que divide a função de carnavalesco com Paulo Barros, criador
de encenações para alegorias.
A única agremiação que conseguiu patrocínio foi a Grande
Rio. Recebeu cerca de R$ 4 milhões de empresas francesas e
da Prefeitura de Nice para falar
das relações entre França e
Brasil, em um desfile luxuoso.
Se a Mocidade Independente
sofreu para, com pouca verba,
concluir sua homenagem a Machado de Assis (morto em
1908) e Guimarães Rosa (nascido em 1908), o Império Serrano
fará um desfile já pago, do qual
o grande trunfo é a reedição do
samba-enredo de 1976 sobre
sereias e outras lendas do mar.
A última a se apresentar será
a Unidos da Tijuca, com um
enredo definido pelo carnavalesco Luiz Carlos Bruno como
"leve, solto": "Uma Odisseia sobre o Espaço" trará a visão do
homem sobre os céus, da astronomia ao cinema.
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