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EDUCAÇÃO
Estudo do banco diz que, com o Fundef, aumentaram as vagas, mas há pouco controle social na aplicação dos recursos
Falta melhorar qualidade do ensino, diz Bird
LUCIANA CONSTANTINO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Apesar de fazer elogios ao processo de municipalização de ensino no Brasil e à implantação do
Fundef, um relatório do Banco
Mundial aponta que o incentivo
às matrículas nos últimos anos
não resultou em esforços de Estados e municípios para oferecer
educação de melhor qualidade.
O documento "Educação Municipal no Brasil: Recursos, Incentivos e Resultados" diz ainda que os
ganhos esperados na melhoria de
mecanismos de controle social
não foram obtidos.
Isso significa afirmar que em alguns municípios os conselhos que
deveriam ser criados para fiscalizar a aplicação dos recursos do
Fundef (Fundo de Desenvolvimento do Ensino Fundamental e
de Valorização do Magistério)
não representam a sociedade,
tendo sido escolhido pelos prefeitos, por exemplo.
O Fundef é constituído de 15%
do total arrecadado de alguns
fundos, como o de Participação
dos Municípios, e impostos. O valor arrecadado em cada Estado é
distribuído de acordo com o número de alunos matriculados na
rede pública do ensino fundamental, sendo que 60% devem ser
destinados à remuneração de
professores.
Para o Banco Mundial, o fato de
cada aluno adicional do ensino
fundamental trazer mais recursos
aos Estados e aos municípios foi o
principal incentivo ao aumento
no número de matrículas entre
1996 e 2001. As matrículas no ensino básico no Brasil cresceram
6,75% no período, passando de
33,13 milhões para 35,37 milhões.
O documento, finalizado em
dezembro de 2002, aponta que
ainda há cidades sem uma política educacional coerente, com um
sistema altamente politizado e
clientelista e ensino deficiente.
Inep
Na última semana, um trabalho
do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais)
com os últimos dados sobre educação mostrou que 41% dos alunos não terminam a educação
fundamental (1ª à 8ª série). Ou seja, eles entram na escola, mas não
conseguem chegar até o final, seja
por falta de qualidade do ensino,
seja por problemas familiares.
A secretária de ensino fundamental do Ministério da Educação, Maria José Feres, defende a
municipalização, mas diz que ela
precisa ser bem estruturada e feita
com critérios. "O município precisa ter um conselho de educação
para estabelecer propostas pedagógicas. Só com qualidade de ensino conseguimos garantir a inclusão dos alunos." O Banco
Mundial cita, na análise que faz
do Fundef, que o fundo -implementado em 1998- levou nos últimos anos à redistribuição de
verba dentro de cada um dos Estados, mas não permitiu que diferenças regionais fossem reduzidas.
Valor mínimo
O governo federal estabelece
um valor mínimo por aluno/ano
para ser aplicado, mas as médias
variam de acordo com o Estado e
a região. Neste ano, o valor mínimo é de R$ 446 para alunos de 1ª a
4ª séries e de R$ 468,30 para os de
5ª a 8ª.
O Estado que tem a menor média é o Maranhão -R$ 336,70 e
R$ 353,60, respectivamente. Por
outro lado, Roraima aplicará R$
1.521 e R$ 1.597.
Com o objetivo de tentar aumentar esse valor, o Ministério da
Educação montou um grupo que
analisa formas de elevar o repasse
do governo federal para o Fundef
ainda neste ano.
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