São Paulo, segunda-feira, 22 de março de 2004

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CRISE DA ÁGUA

Destruição de matas é reconhecida, mas sua recuperação não é tarefa fácil, dizem órgãos públicos e comitê de bacia

Responsáveis afirmam buscar soluções

DA REPORTAGEM LOCAL

A Sabesp, o Igam (Instituto Mineiro de Gestão das Águas), a ANA (Agência Nacional de Águas), o comitê e o consórcio das bacias dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí reconhecem que a destruição das matas ciliares no Cantareira prejudica a produção de água e precisa ser combatida.
Todos dizem estar fazendo algo para preservar e recuperar as áreas de proteção permanente, mas afirmam que não é uma tarefa fácil. Dizem também que a elaboração das leis específicas das bacias do sistema e o início da cobrança pelo uso da água são fundamentais para a solução dos problemas apontados pelo ISA.
Segundo Francisco Carlos Castro Lahóz, secretário-executivo do consórcio que reúne as empresas da bacia do Piracicaba, estão sendo plantadas 1,2 milhão de mudas de mata ciliar. Já o presidente do comitê da bacia, o prefeito de Rio Claro, Cláudio de Mauro (PV), cobra uma atuação mais forte da Sabesp.
"A área que pertence à Sabesp no entorno das represas [que vai de 10 m a 100 m, dependendo da declividade do terreno] é muito grande para fiscalizarmos", diz Hélio Luiz Castro. Por isso o que se busca é tornar os donos de terras nas margens dos reservatórios parceiros. Por meio de comodatos, as áreas são cedidas aos particulares, que se comprometem a cuidar delas. Só que o compromisso nem sempre é cumprido.
Nas margens do reservatório Jaguari-Jacareí, a Sabesp está reflorestando mais de 2 km2 por causa do desmatamento excessivo realizado na construção da represa.
Já a principal ação do poder público paulista para preservar as fontes de água que servem a Grande São Paulo (o Programa Mananciais) deve começar só em 2005 e não terá o Cantareira como foco principal. No sistema, deverá haver obras para tratamento de esgoto em Bragança Paulista e urbanização em Mairiporã.
Segundo Benedito Braga, diretor da ANA, ela contribui de duas formas para melhorar a situação no Cantareira: enviando recursos do Prodes (programa que compra esgoto tratado) para o comitê do Piracicaba e dando apoio técnico na elaboração do plano diretor da bacia. Ele diz ser preciso relativizar o "mito" da mata ciliar porque há estudos que mostram que as florestas nas margens dos rios podem, em vez de aumentar o volume de água, diminuí-lo por consumo e transpiração.
Na parte mineira do Cantareira, uma saída para evitar a degradação foi decretar parte da região de mananciais como área de proteção ambiental (APA), diz Paulo Teodoro de Carvalho, diretor-geral do Igam. (MARIANA VIVEIROS)


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