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CRISE DA ÁGUA
Destruição de matas é reconhecida, mas sua recuperação não é tarefa fácil, dizem órgãos públicos e comitê de bacia
Responsáveis afirmam buscar soluções
DA REPORTAGEM LOCAL
A Sabesp, o Igam (Instituto Mineiro de Gestão das Águas), a
ANA (Agência Nacional de
Águas), o comitê e o consórcio
das bacias dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí reconhecem que a
destruição das matas ciliares no
Cantareira prejudica a produção
de água e precisa ser combatida.
Todos dizem estar fazendo algo
para preservar e recuperar as
áreas de proteção permanente,
mas afirmam que não é uma tarefa fácil. Dizem também que a elaboração das leis específicas das
bacias do sistema e o início da cobrança pelo uso da água são fundamentais para a solução dos
problemas apontados pelo ISA.
Segundo Francisco Carlos Castro Lahóz, secretário-executivo
do consórcio que reúne as empresas da bacia do Piracicaba, estão
sendo plantadas 1,2 milhão de
mudas de mata ciliar. Já o presidente do comitê da bacia, o prefeito de Rio Claro, Cláudio de
Mauro (PV), cobra uma atuação
mais forte da Sabesp.
"A área que pertence à Sabesp
no entorno das represas [que vai
de 10 m a 100 m, dependendo da
declividade do terreno] é muito
grande para fiscalizarmos", diz
Hélio Luiz Castro. Por isso o que
se busca é tornar os donos de terras nas margens dos reservatórios
parceiros. Por meio de comodatos, as áreas são cedidas aos particulares, que se comprometem a
cuidar delas. Só que o compromisso nem sempre é cumprido.
Nas margens do reservatório Jaguari-Jacareí, a Sabesp está reflorestando mais de 2 km2 por causa
do desmatamento excessivo realizado na construção da represa.
Já a principal ação do poder público paulista para preservar as
fontes de água que servem a
Grande São Paulo (o Programa
Mananciais) deve começar só em
2005 e não terá o Cantareira como
foco principal. No sistema, deverá
haver obras para tratamento de
esgoto em Bragança Paulista e urbanização em Mairiporã.
Segundo Benedito Braga, diretor da ANA, ela contribui de duas
formas para melhorar a situação
no Cantareira: enviando recursos
do Prodes (programa que compra
esgoto tratado) para o comitê do
Piracicaba e dando apoio técnico
na elaboração do plano diretor da
bacia. Ele diz ser preciso relativizar o "mito" da mata ciliar porque
há estudos que mostram que as
florestas nas margens dos rios podem, em vez de aumentar o volume de água, diminuí-lo por consumo e transpiração.
Na parte mineira do Cantareira,
uma saída para evitar a degradação foi decretar parte da região de
mananciais como área de proteção ambiental (APA), diz Paulo
Teodoro de Carvalho, diretor-geral do Igam.
(MARIANA VIVEIROS)
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