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ESTADO DE GUERRA
Unidade adotada em áreas de conflito trata pacientes menos graves para desafogar hospitais
Sob lona, 217 são atendidos em hospital
FABIANE LEITE
DA SUCURSAL DO RIO
Jonatan, 4, esfregava as costas
na parede havia uma semana
por causa da coceira. O armário
de roupas da família, na Cidade
de Deus (zona oeste do Rio), foi
infestado por ratos. Sua mãe, a
auxiliar de cozinha Ana Paula da
Silva, 29, acha que a alergia veio
das fezes dos animais. "O posto
de saúde da Cidade de Deus e
nada são a mesma coisa", disse.
O menino foi uma das 217 pessoas que passaram pelo hospital
e pelos ambulatórios de campanha da Aeronáutica, inaugurados ontem em estruturas de lona
na Barra da Tijuca (zona oeste).
Em pé de guerra com a prefeitura, o governo federal decidiu
instalar a unidade para aliviar as
filas de casos menos graves, como o de Jonatan, na intervenção
em seis hospitais municipais.
Mas essa situação temporária
(e sem prazo para acabar) no Rio
seguirá enquanto o atendimento
nos 102 postos de saúde, ideais
para casos menos graves, não for
reorganizado, diz Sérgio Côrtes,
coordenador da intervenção.
Essa rede de postos continua
sob controle da administração
Cesar Maia (PFL). O secretário
da Saúde do Rio, Ronaldo Cezar
Coelho, diz que o ministério faz
"show" ao implantar o hospital
de campanha e que os problemas dos postos se devem à falta
de recursos para infra-estrutura
pré-hospitalar. Segundo ele, o
ministério só escolheu locais de
alta visibilidade para unidades
de campanha, por onde passam
"formadores de opinião".
Em meio ao tiroteio, Jonatan,
Ariele, 9, sua irmã (passou pelo
dentista) e a família deixaram o
hospital de campanha contentes
com o atendimento.
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