São Paulo, terça-feira, 22 de março de 2005

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ESTADO DE GUERRA

Unidade adotada em áreas de conflito trata pacientes menos graves para desafogar hospitais

Sob lona, 217 são atendidos em hospital

FABIANE LEITE
DA SUCURSAL DO RIO

Jonatan, 4, esfregava as costas na parede havia uma semana por causa da coceira. O armário de roupas da família, na Cidade de Deus (zona oeste do Rio), foi infestado por ratos. Sua mãe, a auxiliar de cozinha Ana Paula da Silva, 29, acha que a alergia veio das fezes dos animais. "O posto de saúde da Cidade de Deus e nada são a mesma coisa", disse.
O menino foi uma das 217 pessoas que passaram pelo hospital e pelos ambulatórios de campanha da Aeronáutica, inaugurados ontem em estruturas de lona na Barra da Tijuca (zona oeste).
Em pé de guerra com a prefeitura, o governo federal decidiu instalar a unidade para aliviar as filas de casos menos graves, como o de Jonatan, na intervenção em seis hospitais municipais.
Mas essa situação temporária (e sem prazo para acabar) no Rio seguirá enquanto o atendimento nos 102 postos de saúde, ideais para casos menos graves, não for reorganizado, diz Sérgio Côrtes, coordenador da intervenção.
Essa rede de postos continua sob controle da administração Cesar Maia (PFL). O secretário da Saúde do Rio, Ronaldo Cezar Coelho, diz que o ministério faz "show" ao implantar o hospital de campanha e que os problemas dos postos se devem à falta de recursos para infra-estrutura pré-hospitalar. Segundo ele, o ministério só escolheu locais de alta visibilidade para unidades de campanha, por onde passam "formadores de opinião".
Em meio ao tiroteio, Jonatan, Ariele, 9, sua irmã (passou pelo dentista) e a família deixaram o hospital de campanha contentes com o atendimento.


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