São Paulo, terça-feira, 22 de março de 2005

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ADMINISTRAÇÃO

Prefeito também repreendeu publicamente seus auxiliares durante a inauguração de um posto de saúde

Serra bate boca com manifestante em evento

CONRADO CORSALETTE
DA REPORTAGEM LOCAL

Numa manhã tumultuada no Jardim Ângela (zona sul), onde inaugurou um posto de saúde, o prefeito de São Paulo, José Serra (PSDB), repreendeu publicamente seus auxiliares por uma falha de comunicação, bateu boca com um manifestante durante seu discurso no evento e chegou a descer do carro, quando saía do local, para retomar a discussão com o grupo que protestava por causa de atraso de repasses municipais.
Segundo o prefeito, os manifestantes estavam a serviço do PT.
Falando a uma platéia que o aguardava havia quase uma hora nos fundos da Unidade de Apoio e Retaguarda de Saúde (Uars), Serra iniciou o discurso se queixando da dificuldade de "explicar o que está se criando aqui hoje".
Sem saber exatamente como funcionava aquele posto de saúde, teve de recorrer a uma funcionária. Com a palavra, ela disse que a Uars é uma unidade abrangente, que atende a problemas de média complexidade e conta até com um cirurgião. "Que da próxima vez preparem direito uma exposição", reclamou o prefeito.
Momentos depois, quando criticava a gestão Marta Suplicy (PT) por não ter iniciado a construção do hospital M'Boi Mirim, na região, Serra foi interrompido por uma pessoa na platéia. Sérgio Ferreira, integrante do Caps (Centro de Atenção Psicossocial) do bairro, lembrou que Serra esteve em 2004 no terreno onde o hospital será construído "para pedir voto".
Empunhando um microfone sem fio, o prefeito foi até o manifestante. "Fui pedir voto lá no terreno e vou fazer [o hospital]", disse Serra, iniciando o bate-boca. "O problema, meu amigo, é que no seu partido vocês ficam enrolando a população", afirmou o prefeito tucano, acusando Ferreira de estar a serviço do PT.
Terminado o bate-boca, o prefeito voltou a criticar supostos apoiadores da ex-prefeita, citando um padre da região que queria rezar uma missa no terreno do hospital de M'Boi Mirim para cobrar sua construção. "Queria que o padre Jaime tivesse feito a missa na prefeitura anterior [sic] para que Deus pudesse perdoar o pecado de terem anunciado tanto o hospital e não terem feito nada."
Serra concluiu o discurso e foi para o carro, que estava cercado por pessoas atendidas pelo Caps. Os manifestantes pediam os repasses da prefeitura, que estariam atrasados há dez meses.
Quando o automóvel se preparava para sair, uma mulher bateu no vidro lateral traseiro, onde o prefeito estava. Ele desceu para questionar os manifestantes. "Vocês são contra essa unidade? O teu partido não fez [o posto de saúde], o teu partido parou."
"Não sou do PT, votei na Luiza Erundina", afirmou Ferreira. "Ele [Serra] tem de respeitar a gente", reclamou Delio Jardim Torres, um dos manifestantes.
O Uars do Jardim Ângela pretende atender a 300 pessoas por dia, das 7h às 19h.


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