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URBANISMO
Programa prevê que a prefeitura refaça o asfalto e plante árvores e que os comerciantes reformem calçadas e fachadas
Contra shoppings, ruas tomam banho de loja
RICARDO GALLO
DA REPORTAGEM LOCAL
A Prefeitura de São Paulo decidiu revitalizar, em parceria com a
iniciativa privada, dez ruas com
perfil comercial em bairros diferentes da cidade. A intenção é dar
nova roupagem às ruas e fortalecer o setor, abalado pelo crescimento dos shoppings centers.
Batizado de Programa de Ruas
Comerciais, o projeto prevê recapeamento asfáltico, substituição
de postes de iluminação, plantio
de árvores, além da padronização
das calçadas e fachadas para
transformar as ruas em shoppings abertos. A assinatura do
protocolo de intenções com os representantes das associações das
ruas será no dia 27 de março.
O Orçamento de 2006 da prefeitura reserva R$ 10 milhões para o
programa, valor que, segundo o
município, deve ser suficiente para as dez primeiras ruas.
Estão na lista as ruas Augusta
(trecho da avenida Paulista até a
rua Estados Unidos), a Teodoro
Sampaio (Pinheiros), a 12 de Outubro (Lapa), a Milton da Rocha
(Vila Maria), da Mooca, no bairro
do mesmo nome, a do Oriente
(Brás), Silva Bueno (Ipiranga), a
Normandia (Moema) e as avenidas Santa Catarina (Jabaquara) e
Mateo Bei (São Mateus).
Segundo o projeto, os custos serão divididos. A prefeitura entra
com o recapeamento das ruas,
com a substituição de lâmpadas
de mercúrio pelas de sódio (amareladas, mais econômicas) e com
o projeto paisagístico, sem custos
para os comerciantes. Os empresários serão responsáveis pelas
calçadas e pelas fachadas -que,
por lei, já são obrigações deles.
Estimulados pela prefeitura, alguns empresários, como no caso
da rua Normandia, discutem custear o aterramento da fiação aérea. O alto preço (cerca de R$ 14
mil o metro linear) é o empecilho
para estender às demais ruas.
A articulação do projeto foi feita
pela Secretaria de Coordenação
das Subprefeituras e pela Fecomércio (Federação do Comércio
do Estado de São Paulo). A inspiração foi a revitalização das ruas
João Cachoeira (Itaim Bibi) em
2003, e Oscar Freire, cujas obras
devem acabar em julho.
"Queremos retomar o papel das
ruas abertas de São Paulo", disse
Walter Feldman, secretário de
Coordenação das Subprefeituras.
A prefeitura promete também
que só os camelôs com TPU (Termo de Permissão de Uso) poderão trabalhar, ainda assim com a
recomendação para que melhorem o aspecto visual das barracas.
A partir da assinatura do protocolo de intenções, os líderes das
associações de ruas terão 40 dias
para apresentar um projeto. Haverá prazo para início das obras
-em geral, 30 dias.
Segundo a prefeitura, o custo de
reforma da calçada não é caro
-cerca de R$ 65 o m2. Assim,
uma calçada de dez metros custaria R$ 650. Caso não haja número
suficiente de interessados na revitalização, uma outra rua comercial será selecionada.
O objetivo, diz Feldman, é estender o projeto a outras ruas até
2008. Existe a possibilidade de
que, em parceria com a São Paulo
Turismo, sejam criados roteiros
de compras para valorizar essas
ruas. Há 69 ruas ou avenidas na
cidade com perfil comercial.
Segundo Felippe Naufel, coordenador do projeto pela secretaria e presidente do conselho de
ruas comerciais da Fecomércio, o
principal argumento para arregimentar empresários é o retorno
pós-reforma. Presidente da associação de comerciantes da João
Cachoeira na ocasião da reforma
da rua, Naufel disse que o movimento aumentou 20% em 2004 e
11% em 2005, anos seguintes à
obra. "Ele [comerciante] não vai
ficar rico se fizer [revitalização].
Mas terá mais chance de quebrar
se não a fizer."
Naufel, também comerciante da
João Cachoeira, se ampara na
concorrência com shoppings centers para justificar o raciocínio.
Dados da Fecomércio apontam
que o faturamento do setor cresceu 3,2% em 2005 na Grande São
Paulo. O dos shoppings em 2005
aumentou 13%, segundo a Alshop
(Associação Brasileira dos Lojistas de Shopping Center).
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