São Paulo, quarta-feira, 22 de março de 2006

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TRAGÉDIA NO OSASCO PLAZA

Justiça não viu comprovação de que Ultragaz e BRR tiveram responsabilidade no acidente

Juiz indefere ação de vítimas de explosão

LUÍSA BRITO
DA REPORTAGEM LOCAL

Quase dez anos depois do acidente, a Justiça considerou improcedente uma ação civil pública movida pela associação que representa as vítimas da explosão do Osasco Plaza Shopping (na Grande São Paulo) contra a Companhia Ultragaz S.A. e a BRR Gerenciamento e Planejamento S.A.
O acidente, ocorrido em junho de 1996, causou a morte de 42 pessoas e deixou mais de 300 feridas. A explosão foi provocada pelo acúmulo de gás em um espaço livre entre o piso e o solo.
De acordo com a ação, as empresas seriam responsáveis por terem se omitido de apurar deficiências nas instalações de gás do shopping. Para o juiz da 5º Vara Cível de Osasco, Manoel Barbosa de Oliveira, não houve comprovação da responsabilidade das empresas na explosão.
O advogado da associação das vítimas, Flávio Yarshell, disse que vai recorrer da decisão. Para a presidente da associação, Jacy Malagoli, as empresas "sabiam do problema com o gás e deixaram acontecer". De acordo com ela, muitas vítimas estão prejudicadas até hoje porque não têm dinheiro para custear tratamento médico.
Sua filha Janaína, 27, teve que passar por 15 cirurgias após ter a perna direita esmagada, sofrer traumatismo craniano e fratura na coluna devido à explosão.
Hoje, ela faz fisioterapia, mas ainda sente dores fortes. Segundo Jacy, Janaína precisa de tratamentos especializados que a família não tem condições de arcar. "Já gastamos bem mais do que recebemos de indenização", afirma ela, sem falar em valores.

Indenizações
Na época do acidente, o Ministério Público Estadual moveu uma ação contra o shopping e seus empreendedores. Os réus foram condenados, pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça), a pagar indenização às vítimas, informou o promotor Ademir Perez. Para ele, não cabe ação das vítimas contra a empresa de gás, pois o shopping que mantinha relação jurídica com elas.
A maioria das pessoas e famílias atingidas pela explosão já fez acordo com o shopping para receber indenizações. Segundo a associação, o valor médio para cada família foi de R$ 50 mil.
O shopping não diz quantas indenizações pagou. Afirma apenas que gastou R$ 25 milhões em valores corrigidos.
O empreendimento está processando a Ultragaz e a BRR por danos morais e materiais e quer reaver o montante gasto.
Segundo o promotor, as vítimas que fizeram acordo com o shopping e provarem que a quantia recebida não é suficiente podem pleitear aumento da indenização.


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