São Paulo, quarta-feira, 22 de março de 2006

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AMBIENTE

Dos 13 pontos analisados antes e depois de programa de saneamento de US$ 336 mi, 5 têm qualidade inferior atualmente

Estudo vê piora na água da Guarapiranga

AFRA BALAZINA
DA REPORTAGEM LOCAL

Mesmo depois de receber um investimento de US$ 336 milhões (R$ 729 milhões) em obras de coleta de esgoto e em estações de tratamento, a qualidade da água na represa de Guarapiranga não melhorou nos últimos anos.
É o que aponta um estudo feito pelo ISA (Instituto Socioambiental). Segundo o documento, 5 dos 13 pontos de monitoramento da Sabesp e da Cetesb no manancial têm tendência de piora da qualidade da água. Seis pontos estão praticamente na mesma situação e apenas dois melhoraram.
A represa abastece 3,7 milhões de pessoas na zona sul de São Paulo e em Taboão da Serra.
A apresentação das informações antecedeu o Dia Mundial da Água, comemorado hoje. Neste ano, a represa de Guarapiranga completa cem anos de existência.
"O programa Guarapiranga [realizado entre 1995 e 2000 e financiado pelo Banco Mundial] teve um conjunto de ações que não foram terminadas. O esgoto não está sendo exportado para fora da bacia. Ter tido esse investimento e ver que os pontos de captação de água pioraram é um indicador ruim. Mas esperamos que mude quando o esgoto for levado para fora da bacia e tratado", afirmou Marussia Whately, uma das autoras do estudo do ISA.
De acordo com Marussia, os reservatórios só recebem investimento por meio de programas e financiamentos de bancos. "Os mananciais precisam ter investimento permanente do Estado."
O trabalho mostra, por exemplo, que o espelho-d'água da represa teve uma redução de 21% entre 1989 e 2003. O motivo pode ser o prolongado período de estiagem pelo qual a região metropolitana passa desde 1999, o assoreamento do reservatório e o uso acima de sua capacidade.
Outro dado negativo é que a bacia da Guarapiranga possui hoje somente 37% da vegetação nativa -perdeu 727 hectares de mata atlântica entre 1989 e 2003.
Para o coordenador de saneamento do governo estadual, Ricardo Araujo, que foi também o coordenador-executivo do projeto Guarapiranga, a situação não é confortável, o desafio não está vencido, mas há uma tendência de melhora na qualidade da água da represa de Guarapiranga.
Segundo Araujo, o problema estaria muito mais grave se os investimentos em estações de tratamento e em coleta de esgoto não tivessem sido feitos na época. "Não posso comentar os dados do estudo porque não os vi. Mas posso afirmar que no início do programa a população da bacia era de 550 mil habitantes. Quando terminou, havia um acréscimo de 240 mil pessoas. A carga de esgoto deveria ter crescido e refletido nos córregos. Porém, a situação se manteve igual", disse.
Araujo afirmou que uma prova de pequena melhora na qualidade da água é que o gasto com produtos químicos para fazer o tratamento tem sido menor. "Também temos usado pouco a estação de tratamento de carvão ativado, para tirar resquícios de gosto e odor da água."


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