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AMBIENTE
Dos 13 pontos analisados antes e depois de programa de saneamento de US$ 336 mi, 5 têm qualidade inferior atualmente
Estudo vê piora na água da Guarapiranga
AFRA BALAZINA
DA REPORTAGEM LOCAL
Mesmo depois de receber um
investimento de US$ 336 milhões
(R$ 729 milhões) em obras de coleta de esgoto e em estações de
tratamento, a qualidade da água
na represa de Guarapiranga não
melhorou nos últimos anos.
É o que aponta um estudo feito
pelo ISA (Instituto Socioambiental). Segundo o documento, 5 dos
13 pontos de monitoramento da
Sabesp e da Cetesb no manancial
têm tendência de piora da qualidade da água. Seis pontos estão
praticamente na mesma situação
e apenas dois melhoraram.
A represa abastece 3,7 milhões
de pessoas na zona sul de São
Paulo e em Taboão da Serra.
A apresentação das informações antecedeu o Dia Mundial da
Água, comemorado hoje. Neste
ano, a represa de Guarapiranga
completa cem anos de existência.
"O programa Guarapiranga
[realizado entre 1995 e 2000 e financiado pelo Banco Mundial]
teve um conjunto de ações que
não foram terminadas. O esgoto
não está sendo exportado para fora da bacia. Ter tido esse investimento e ver que os pontos de captação de água pioraram é um indicador ruim. Mas esperamos
que mude quando o esgoto for levado para fora da bacia e tratado",
afirmou Marussia Whately, uma
das autoras do estudo do ISA.
De acordo com Marussia, os reservatórios só recebem investimento por meio de programas e
financiamentos de bancos. "Os
mananciais precisam ter investimento permanente do Estado."
O trabalho mostra, por exemplo, que o espelho-d'água da represa teve uma redução de 21%
entre 1989 e 2003. O motivo pode
ser o prolongado período de estiagem pelo qual a região metropolitana passa desde 1999, o assoreamento do reservatório e o uso acima de sua capacidade.
Outro dado negativo é que a bacia da Guarapiranga possui hoje
somente 37% da vegetação nativa
-perdeu 727 hectares de mata
atlântica entre 1989 e 2003.
Para o coordenador de saneamento do governo estadual, Ricardo Araujo, que foi também o
coordenador-executivo do projeto Guarapiranga, a situação não é
confortável, o desafio não está
vencido, mas há uma tendência
de melhora na qualidade da água
da represa de Guarapiranga.
Segundo Araujo, o problema estaria muito mais grave se os investimentos em estações de tratamento e em coleta de esgoto não
tivessem sido feitos na época.
"Não posso comentar os dados do
estudo porque não os vi. Mas posso afirmar que no início do programa a população da bacia era
de 550 mil habitantes. Quando
terminou, havia um acréscimo de
240 mil pessoas. A carga de esgoto
deveria ter crescido e refletido nos
córregos. Porém, a situação se
manteve igual", disse.
Araujo afirmou que uma prova
de pequena melhora na qualidade
da água é que o gasto com produtos químicos para fazer o tratamento tem sido menor. "Também temos usado pouco a estação
de tratamento de carvão ativado,
para tirar resquícios de gosto e
odor da água."
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