São Paulo, quarta-feira, 22 de março de 2006

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SABATINA FOLHA

A jornalista e escritora diz se sentir uma "débil mental" por ter acreditado que o partido inaugurara nova fase em padrões éticos na política

PT merece Oscar do fingimento, diz Danuza

Marlene Bergamo/Folha Imagem
A jornalista e escritora Danuza Leão, durante a primeira sabatina Folha deste ano; evento lotou ontem o Teatro Folha, na região central da cidade de São Paulo


MARIO CESAR CARVALHO
DA REPORTAGEM LOCAL

Os políticos brasileiros atingiram o fundo do poço no quesito ética no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A avaliação é da jornalista e escritora Danuza Leão. "Acompanho a vida política desde 1954 e não vi nada parecido com o que está acontecendo", disse na primeira sabatina Folha deste ano. O evento lotou o Teatro Folha, com 320 pessoas, entre as quais só havia cerca de 30 homens.
Ela ironizou os pronunciamentos dos petistas, sempre negando as acusações que são imputadas a eles. "Eu daria um Oscar para os dirigentes do PT, porque eles fingem muito bem, têm cara de santo. Eu me sinto uma débil mental por acreditar no que acreditei", contou, referindo-se às promessas segundo as quais o partido inaugurara uma nova fase em padrões éticos na política brasileira.
A colunista da Folha disse que conheceu o mundo político numa época, a década de 50, em que a imprensa não ousava cruzar a linha imaginária que separa a avaliação pública e a vida privada dos políticos. "Todos os presidentes tiveram algum namoro com alguém, mas naquela época não se falava. Todos tiveram uma segunda vida amorosa e sexual."
Danuza acha que esse silêncio não vale no caso do ministro da Fazenda, Antonio Palocci, na hipótese de serem verdadeiras as acusações de que ele freqüentava uma casa em Brasília onde se realizavam reuniões de lobistas e supostas festas com garotas de programa. "Se isso interfere na vida pública, tudo tem de ser dito."
O que oprime a mulher, para a escritora, não é a ditadura da moda ("pode tudo que eu não sei o que é uma mulher chique"), mas a da magreza. "Disso eu não me livrei. Estou de regime. Há 19 dias não como carboidratos, não bebo, não como fruta. Como peixe, carne, mas sem legume, porque legume tem açúcar. Perdi quatro quilos. Eu, gorda, fico horrenda."
Ela contou por que decidiu fazer a revelação que fez no final do best-seller "Quase Tudo" -não se referia à idade, aos 72 anos, que também desvela no livro. Escreveu sobre o episódio ocorrido em Paris com um homem, mas, na dúvida se publicava ou não a revelação, resolveu mostrar o texto ao filho Bruno. "Vou te dar um computador porque não tenho coragem de contar", lembrou. "Ele foi abrindo o olho. Quando terminou, ele disse: "Mamãe, você é do cacete. É claro que você vai contar isso no livro". O que quero mais da vida do que um filho que me aprova?" Se alguém quisesse filmar a cena, Danuza acha que a atriz francesa Fanny Ardant seria perfeita para representá-la.
Danuza, que foi casada com os jornalistas Samuel Wainer, Antonio Maria e Renato Machado, explicou na sabatina por que não gosta de garotões: "O que me atrai num homem é o olhar, o charme, a inteligência. E garotão é tão desagradável... Não confio em ninguém que freqüenta academia".
Mulher também não tem vez no rol de amizades de Danuza: "Me relaciono mal com mulher. Prefiro ser amiga de homem. Essa rendinha -"que gracinha essa sandália, onde você comprou'- eu não agüento".


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