São Paulo, quinta-feira, 22 de março de 2007

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Lixeiros decidem hoje se farão greve a partir de 2ª

Categoria iniciou operação-padrão, que interrompeu o envio do lixo aos aterros

Eles reivindicam 12% de aumento salarial, mas sindicato patronal já avisou que empresas não têm condições de dar reajuste

EVANDRO SPINELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Os garis e lixeiros de São Paulo decidem hoje, em assembléia, se a categoria entrará em greve a partir de segunda-feira.
Desde anteontem, os funcionários já estão em "operação-padrão". Moacyr Pereira, do Siemaco (Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Asseio e Conservação e Limpeza Urbana de São Paulo), disse que a operação não afeta a população, mas prejudica a logística das empresas.
Segundo ele, o lixo recolhido está se acumulando nos locais de transbordo (depósito provisório), de onde deveria ser levado para os aterros sanitários.
A categoria, cuja data-base é março, reivindica 12% de aumento. O sindicato patronal já avisou que as empresas não têm condições de dar nenhum aumento. O piso salarial do varredor é de R$ 544. Os coletores têm piso de R$ 647. O último reajuste foi de 5,5% em março do ano passado.
As empresas de coleta de lixo aproveitam a ameaça dos trabalhadores para pressionar a prefeitura a renegociar o contrato de concessão do serviço.
O secretário de Coordenação das Subprefeituras, Andrea Matarazzo, disse que a prefeitura não aceitará pressão. "A fiscalização vai multar. A cidade está limpa e não vamos admitir que a qualidade caia."
A queda-de-braço entre o governo municipal e as empresas de coleta de lixo começou com a posse na prefeitura, em janeiro de 2005, de José Serra (PSDB), atual governador.
Na época, Serra ameaçou romper o contrato de concessão, assinado em outubro de 2004, no fim da gestão de Marta Suplicy (PT), por considerar que os valores eram abusivos.
O resultado é que a prefeitura cortou em cerca de 40% os repasses às empresas, que até hoje reclamam. Além disso, ficou acertado que a Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) faria uma análise do custo para a renegociação do contrato. Mas até hoje o contrato não foi renegociado.
Entre as discussões está a definição sobre a construção de um novo aterro sanitário. Há uma semana o lixo não é levado para o aterro Bandeirante, o maior da cidade, mas que já está com sua capacidade praticamente esgotada. As empresas estão despejando o lixo em um aterro em Caieiras.
A Folha procurou ontem o secretário de Serviços, Dimas Ramalho, mas não obteve resposta. Ramalho é o responsável pela gestão dos contratos e se reuniu ontem com o presidente do sindicato patronal.


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