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Demanda maior por água preocupa Sabesp
Estado deve inaugurar em 2010 reservatório de Taiaçupeba, em Suzano, para ampliar a oferta de água na Grande São Paulo
Principais causas apontadas pela queda na água disponível são superexploração e degradação das represas, causada pelo assoreamento
JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
DA REPORTAGEM LOCAL
Em cinco anos, a capacidade
de abastecimento de água na
Grande São Paulo caiu 5.100 litros por segundo, perda que representa volume suficiente para abastecer 2,5 milhões de pessoas por dia. Cada morador da
Grande São Paulo consumiu
em 2008, em média, 62.780 litros de água tratada.
A conclusão é de um estudo
realizado pela Fusp (Fundação
de Apoio à Universidade de São
Paulo), que aponta "iminência
de colapso de abastecimento",
levando em conta ainda que a
demanda, segundo a Secretaria
Estadual de Saneamento e
Energia, vem subindo 500 litros por segundo ao ano.
Entre 2002 e 2007, segundo
o estudo, concluído em 2008, a
chamada disponibilidade hídrica -que inclui água para abastecimento público, industrial e
irrigação- caiu de 72,9 mil para 67,8 mil litros por segundo.
A condição é especialmente
preocupante, conforme avaliação da secretária Dilma Pena
(Saneamento e Energia), porque a Grande São Paulo, que já
"importa" da bacia do rio Piracicaba metade da água que utiliza, praticamente esgotou seus
próprios mananciais.
"Nossa disponibilidade está
quase totalmente comprometida. Os mananciais foram ou estão sendo todo aproveitados,
estão se esgotando", diz Dilma.
Para ampliar o sistema de
abastecimento, deve ser inaugurado em 2010 o sistema de
Taiaçupeba, em Suzano, que
ampliará a oferta em mais
5.000 litros por segundo -suficiente só para recuperar as perdas acumuladas desde 2002.
Também está em estudo o
aproveitamento do sistema São
Lourenço, na região de Juquitiba, com potencial para 4.700 litros por segundo. Explorado
esse sistema, acabam as opções.
As causas apontadas pela
queda na água disponível vão
desde a superexploração à degradação das represas, causada
principalmente pelo assoreamento.
Cada habitante da Grande SP
tem até 201 mil litros de água
por ano, menos de um décimo
dos 2,5 milhões de litros usados
como referência pela Organização Mundial da Saúde para regiões autossustentáveis. O Ceará tem 2,2 milhões de litros por
ano, a Paraíba, 1,3 milhão de litros por ano e o Rio de Janeiro,
2,18 milhões de litros por ano.
Embora haja hoje um relativo equilíbrio entre oferta e demanda, trata-se de uma equação frágil, pois uma seca prolongada levará à falta de água,
avalia o superintendente de
produção da Região Metropolitana da Sabesp, Hélio Castro.
"É bastante preocupante a situação por causa da baixa disponibilidade. Já trazemos de
outra bacia [do Piracicaba]
50% da água. Não tem jeito,
dois anos de seca já afetariam
[o abastecimento]", diz Castro.
Para ele, caso não haja problemas, o sistema atual deve
suportar até dez anos. "Mas até
lá teremos disputa pela água
com outras regiões. Teremos
percalços políticos a enfrentar", diz o superintendente.
Castro fala em política porque já em 2014 a Grande SP terá pela frente uma disputa com
a região de Campinas pela água
que é importada da bacia do Piracicaba, pois a outorga (espécie de acordo que divide a água
do Piracicaba) será renovada e
a região de Campinas já convive com escassez que afeta seu
crescimento econômico.
"Já tivemos indústrias que
vieram sondar, mas as grandes
consumidoras de água têm problemas para se instalar aqui",
diz Dalto Fávero Brochi, secretário-executivo do consórcio de
cidades da bacia do Piracicaba.
O Estado atua em três frentes
para adiar o possível "colapso"
alertado pela Fusp: combater
perdas por vazamentos na rede
e outras causas -que caíram de
30,1% (1999) para 28,5%
(2008)-, incentivar a economia e buscar novas fontes a até
300 km de distância.
A Secretaria de Saneamento
e Energia contratou a empresa
Cobrape, por R$ 3 milhões, para avaliar a possibilidade de
captar água do Vale do Ribeira,
das represas de Jurumirim (rio
Paranapanema) e Barra Bonita
(Tietê) e do aquífero Guarani, a
maior reserva subterrânea do
planeta, a partir de Botucatu.
A ambientalista Marussia
Whately, coordenadora do programa de mananciais do ISA
(Instituto Socioambiental), defende que, antes de qualquer
nova obra, a Sabesp combata as
perdas na rede de distribuição.
Das perdas, de acordo com a
Sabesp, 63% referem-se aos vazamentos, enquanto o restante
é de submedição e fraudes.
"Esses 28,5% [da perda total]
dariam para abastecer cerca de
5 milhões de pessoas. Combater isso já adiaria o problema
por vários anos", diz Marussia.
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