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Defesa e acusação opõem emoção e mistério
No julgamento do caso Isabella, promotor quer mostrar que Nardoni sempre foi ausente e Anna, agressiva; defensor aponta falta de provas
Vídeo, que pode ser usado pelos advogados do casal Nardoni, vai simular várias possibilidades para a morte de Isabella, em março de 2008
AFONSO BENITES
TALITA BEDINELLI
DA REPORTAGEM LOCAL
O julgamento de Alexandre
Nardoni, 31, e Anna Carolina
Jatobá, 26, começa às 13h de
hoje, no fórum de Santana, em
São Paulo, opondo a emoção,
aposta da Promotoria, ao mistério, linha que será usada pela
defesa para dizer que é impossível ter certeza do que aconteceu na noite do crime.
O casal é acusado de agredir,
esganar e atirar do sexto andar
a menina Isabella Nardoni, 5,
filha de Alexandre com Ana Carolina de Oliveira na noite de
29 de março de 2008.
O promotor Francisco Cembranelli se baseará em diversas
provas colhidas pelo IC (Instituto de Criminalística), mas
enfatizará para os jurados a importância que a personalidade
dos réus teve no crime.
Anna Jatobá, madrasta de
Isabella, será retratada como
uma pessoa agressiva, protagonista de discussões violentas
com o marido. Uma das provas
é um laudo, pedido pelo promotor ao IC, que aponta cicatrizes em um pulso dela, produzidas após Anna ter socado um
vidro em uma dessas brigas.
Já Alexandre, diz Cembranelli, era um pai ausente. Em depoimento após o crime, ele não
soube responder quem era a
professora ou o pediatra da filha, fatos que, para a Promotoria, provam o distanciamento.
O crime, para a acusação, começou durante uma briga do
casal, por ciúme. O misto de
agressividade de Anna, que para o promotor esganou a menina, com a ausência de amor de
Alexandre, acusado de jogá-la
pela janela, teriam resultado na
morte. Para relatar esse ciúme,
a mãe de Isabella deverá depor.
Para "transportar" os jurados para a noite do crime, haverá uma maquete do apartamento dos Nardoni, com detalhes
como manchas de sangue no
lençol das camas em miniatura.
A defesa fugirá do debate
emocional e questionará as
provas produzidas pelo IC, nas
quais a acusação se apoia. "Só a
versão da acusação foi investigada. Os laudos apresentam falhas que vamos demonstrar",
afirma a advogada Roselle Soglio, assistente da defesa.
Os advogados querem mostrar aos jurados que as provas
colhidas pelo IC não mostram o
casal na cena do crime.
Em depoimentos à polícia, o
casal dizia acreditar que um ladrão entrou no apartamento
deles, cortou a rede de proteção
da janela e jogou a criança. Essa
versão, agora, não é confirmada
pelo advogado Roberto Podval.
Ele aposta na impossibilidade de se determinar o que houve na noite da morte de Isabella. As hipóteses vão desde um
crime cometido por um ladrão
até um acidente doméstico.
Para tentar convencer os sete
jurados de que o casal é inocente, a defesa quer apresentar um
vídeo, de aproximadamente
cinco minutos, no qual simula
as diversas possibilidades para
a morte da criança.
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