São Paulo, segunda-feira, 22 de março de 2010

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MARIO FRANCISCO DE ASSIS (1945-2010)

Mestre Verdelinho, cantador alagoano

ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL

Com apenas oito anos, o pequeno Mario Francisco de Assis decidiu fugir de casa para seguir Benedito e Curió, uma dupla de cantadores que havia se hospedado por um tempo na casa de seus pais.
É que, quando a visita foi embora, o menino sentiu um enorme vazio em casa. Juntou-se aos dois e foi aprender a cantar por aí.
Nessa época, o garoto da alagoana Coqueiro Seco, que hoje tem 5.525 habitantes, virou Verdelinho, que é um nome de passarinho. Naqueles tempos, como ele contou numa de suas entrevistas, todo cantador da região tinha nome assim, de pássaro.
Foi batucando seu pandeiro e cantando de improviso suas mais de 300 músicas no ritmo do coco alagoano que ele virou mestre Verdelinho. Um mestre que foi engraxate, apresentou-se em feiras e em vários festivais e se aposentou como funcionário de um teatro com um salário de 500 e poucos reais, como conta o filho Josenildo, 27.
Da Secretaria de Cultura do Estado ele reclamava da falta de interesse por sua obra e de não receber apoio.
Em 2006, época em que realizou o desejo de ter o primeiro CD lançado, sofreu um AVC (acidente vascular cerebral) e foi forçado a parar de se apresentar.
Seu maior sonho ele alcançou: ter uma casa que, apesar de humilde, era própria.
Há algum tempo, descobriu um câncer de bexiga. Na quinta, aos 65, mestre não resistiu à doença e morreu. Teve três filhos e três netos.

coluna.obituario@uol.com.br


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