São Paulo, terça-feira, 22 de março de 2011

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FOCO

Cantor lírico, pároco e até atriz da Globo protestam por "quarteirão da cultura"

Projeto da prefeitura prevê troca de área nobre do Itaim Bibi com mercado imobiliário; comprador deverá construir até 200 creches

RICARDO GALLO
DE SÃO PAULO

Moradores do Itaim Bibi, área nobre na zona oeste paulistana, protestaram ontem contra projeto da prefeitura de trocar, com o mercado imobiliário, uma área de 20 mil m2 no bairro por creches.
Havia empresários, professoras, aposentados, crianças de creches e escolas, um pároco, um homem com um lhasa apso no colo, um cantor lírico com um vira-lata, uma senhora de meia-idade com óculos rosa choque em forma de estrela e até uma atriz da Globo -Eva Wilma.
Eram 700 pessoas, "sem contar as crianças", segundo a Polícia Militar, embora parecesse haver menos gente.
Acompanhados por um carro de som, fizeram passeata, abraço coletivo, grito de guerra ("Aha-uhu, o quarteirão é nosso") e discursos contra o projeto do prefeito Gilberto Kassab. Faixas eram exibidas com críticas a Kassab e ao "monstro da especulação imobiliária".
"Têm famílias que dependem dos equipamentos daqui", disse Eva Wilma. "Não estou defendendo a minha vista; meu apartamento não dá de frente para o quarteirão. Estou defendendo as crianças e o meio ambiente."
Batizado de "quarteirão da cultura", o terreno tem creche, escola estadual e municipal, teatro, biblioteca, posto de saúde, centro de atenção psicossocial e unidade da Apae (Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais).
Como são imóveis térreos e cercados por árvores, a sensação é a de estar em um parque em meio aos arranha-céus, segundo os moradores.
Anunciado em dezembro, o projeto da prefeitura prevê vender o terreno para quem erguer entre R$ 200 milhões e R$ 300 milhões em creches -150 a 200-, onde a gestão Kassab mandar. Os imóveis atuais seriam demolidos.
O terreno é valorizado e vai colaborar para reduzir o deficit de creches na cidade, afirma o secretário Marcos Cintra (Desenvolvimento Econômico e do Trabalho).
A considerar o valor de mercado, um prédio ali renderia perto de R$ 1 bilhão ao empreendedor, disse. Segundo Cintra, faltam 500 creches na cidade, a área é subutilizada e requer modernização.
Cintra diz que a maioria dos equipamentos públicos não sairá dali; serão realocados em cerca de 40% do terreno. A Apae -a prefeitura se propôs a construir duas unidades em outras regiões- e a biblioteca deixarão a área.
O projeto será encaminhado à Câmara nas próximas semanas para votação.


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