|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Índios querem que Gol retire destroços
Lideranças dos caiapós afirmam que os pedaços do Boeing, espalhados por 1 quilômetro, causam danos ambientais
Aldeia perto do local da queda quer indenização por estragos. "Tem que tirar [o avião]. Para tirar, tem que pagar a gente", diz cacique
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PEIXOTO DE
AZEVEDO
Lideranças dos índios caiapós e a Funai (Fundação Nacional do Índio) em Colíder (MT)
querem que a Gol retire os destroços do Boeing da terra indígena Capoto-Jarinã, área de
floresta amazônica.
Os índios dizem que os destroços do avião, espalhados por
1 km, causam danos ambientais. O cacique caiapó Bedjay
Txucarramãe afirmou que a aldeia Piaraçu, perto do local da
queda, também quer indenização por estragos causados.
"Tem que tirar [o avião]. Para
tirar, tem que pagar a gente."
Segundo o cacique, o querosene do avião polui um córrego
que deságua no rio Jarinã, que
chega ao rio Xingu, a principal
artéria das áreas indígenas ao
norte de Mato Grosso.
Na clareira aberta para resgate das vítimas, onde estão as
asas e o trem de pouso do avião,
há forte cheiro de querosene e
uma mancha do combustível
de pelo menos três metros de
extensão. O combustível aflora
quando a mancha é pisada.
"Nós precisamos que o dono
tire logo os pedaços do avião
para não ter problema com o
pessoal meu. Isso aí está poluindo a água. Contamina peixe. Pessoa come e adoece", afirmou o cacique Bedjay.
Em dezembro, o administrador da Funai em Colíder (MT),
Megaron Txucarramãe, enviou
ofício à Funai de Brasília para
que a Gol seja instada a retirar
os destroços. "Caso contrário,
entraremos com processo por
danos ambientais", diz o ofício.
Megaron também quer que o
Ibama (Instituto Brasileiro do
Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis) avalie o
impacto ambiental na área.
Os destroços estão espalhados pela selva. A reportagem
contou ao menos 25 placas de
computador, além de pilhas,
baterias e toda a fuselagem do
avião, em aço e plástico.
Os índios não aceitam que
entrem no local do acidente
sem autorização deles. Por isso,
exigem que a retirada dos destroços seja acompanhada por
lideranças indígenas. "A gente
respeita a cidade de vocês. Então o povo tem que respeitar a
nossa aldeia. Eu nunca vou entrar numa fazenda para matar
alguma galinha, gado ou alguma coisa que o fazendeiro tem",
declarou o cacique.
Texto Anterior: Cenário da tragédia do vôo 1907 está intacto Próximo Texto: Frase Índice
|