São Paulo, domingo, 22 de abril de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Evasão em universidade privada é recorde

Pesquisa realizada pelo sindicato do setor aponta que 18,1% dos alunos deixaram seus cursos, maior taxa em 6 anos

Sem acesso a bolsas e a crédito, classe C enfrenta problemas, afirmam faculdades; para a UNE, mensalidades estão altas


FÁBIO TAKAHASHI
DA REPORTAGEM LOCAL

Os alunos do ensino superior privado estão com cada vez mais dificuldades para se manterem nos cursos. Dados inéditos do sindicato que representa essas instituições de São Paulo mostram que 18,1% dos estudantes abandonaram a universidade em 2005, maior percentual dos últimos seis anos.
Em 2004, a taxa de evasão ficou em 14,5%, menor do que no ano anterior (16,5%).
Os dados referem-se à região metropolitana de São Paulo e serão divulgados oficialmente pelo Semesp (Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de Ensino Superior no Estado de São Paulo) na próxima terça-feira, em evento na sede da entidade, no Ipiranga (zona sul da capital).
Segundo o sindicato, a desistência aumentou porque as instituições privadas começaram a procurar as pessoas das classes C e D, uma vez que a população de maior poder aquisitivo já está bem atendida.
"A maior prejudicada é a classe C. Ela não tem acesso aos programas de bolsas ou de financiamento do governo. Se aparece qualquer dificuldade, ela não tem como pagar mensalidade", afirmou o presidente do Semesp, Hermes Figueiredo. "Já a classe D tem o Prouni. Só que o aluno ganha a bolsa, mas não consegue bancar os gastos para se manter."
Figueiredo fez referência ao programa lançado pelo governo Luiz Inácio Lula da Silva que concede bolsa de estudo integral em instituições privadas a alunos cujas famílias tenham renda per capita de até um salário mínimo e meio (R$ 570) ou bolsa parcial para quem tem renda familiar de até três salários mínimos (R$ 1.140).
O Ministério da Educação banca um auxílio financeiro de R$ 300 mensais apenas àqueles que possuem bolsa de estudo integral e estão matriculados em cursos de período integral. Implantado em 2005, o projeto impulsionou o número de matrículas no setor.
"Para conter a evasão, o governo precisa abrir crédito para os alunos da classe C e dar condições para os alunos mais pobres se manterem", disse o diretor-executivo do sindicato, Rodrigo Capelato.
Procurado pela reportagem, o MEC informou que não iria se pronunciar, pois na terça-feira lançará o Plano de Desenvolvimento da Educação, projeto que contemplará medidas para os universitários.
Para o consultor em ensino superior Carlos Monteiro, parte da evasão dos alunos pode ser motivada pelas próprias universidades. "Se o curso não atende às expectativas do aluno, na primeira dificuldade financeira ele sai."

Mensalidade
O presidente da UNE (União Nacional dos Estudantes), Gustavo Petta, concorda que falta apoio aos alunos das classes C e D. "Mas sentimos também que as mensalidades nas universidades privadas estão altas."
A constatação tem respaldo em um estudo do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socio-Econômicos), que mostra que de 1997 a 2006 as mensalidades no ensino superior privado de São Paulo aumentaram 154,43%, ante uma inflação de 93,49% no mesmo período.
Capelato afirma que a pesquisa não considera os descontos que as universidades dão nas mensalidades.


Texto Anterior: iPod vira alvo de assaltantes na região dos Jardins
Próximo Texto: Com Prouni, setor volta a intensificar crescimento
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.