São Paulo, terça-feira, 22 de abril de 2008

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Para balonista, religioso foi imprudente

MATHEUS PICHONELLI
DA AGÊNCIA FOLHA

O balonista Miguel Leiva, 53, que tem mais de 20 anos de experiência como piloto, disse que o padre Carli cometeu uma "grande imprudência" ao levantar vôo com chuva e sem equipamentos adequados.
"Com isso não se brinca. Eu piloto todo fim de semana em Boituva [116 km de SP] e cancelei dois vôos por causa das condições do tempo. Lá, pelo que vi, estava chovendo. Isso faz o piloto ganhar peso", afirmou o balonista.
Leiva assistiu a imagens do vôo pela TV e disse que o padre foi tão "incauto quanto possível". "Ele parecia subir muito rápido. Os balões poderiam estourar no meio do caminho."
Para o piloto, os equipamentos não eram adequados. "Capacete e botas não servem pra nada. Se ele caísse, não iria se salvar. A roupa térmica é insuficiente para aquela altura."
Leiva calcula que, a 5.400 metros, a temperatura seja de -19ºC. Segundo ele, para voar a partir de 4.000 metros de altitude ele deveria usar máscara de oxigênio.

Delegado
Segundo o balonista, não há uma norma da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) ou da Aeronáutica que autorize vôos como o do padre. "Quem pode impedir é apenas o delegado da cidade. Ele pode chegar ao chão e ser preso por ter colocado a vida dele e de terceiros em perigo."
Leiva afirmou que, para obter licença para voar em balões convencionais, é necessário fazer curso e passar por uma banca da Anac.
No curso, o candidato recebe aulas de meteorologia, navegação, técnica e teoria de vôo, e cumpre ao menos 18 horas de aula prática -duas delas em vôo solo.


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