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Cresce falta de vagas no ensino infantil de SP
Atraso na entrega de escolas na rede municipal leva ao corte de lugares na pré-escola; matrículas em creches sobem, mas fila aumenta
Zerar deficit de vagas até o final de 2012 é uma das principais promessas de campanha do prefeito Gilberto Kassab (DEM)
FÁBIO TAKAHASHI
DA REPORTAGEM LOCAL
A fila de espera por um lugar
em creches e pré-escolas na rede municipal de São Paulo ganhou 22 mil crianças a mais
neste ano -o fim do deficit de
vagas na educação infantil foi
uma das principais promessas
de campanha do prefeito Gilberto Kassab (DEM).
A lista, que já tinha 101 mil
nomes, chegou a 123 mil em
março deste ano. Do novo contingente, 11 mil estão em busca
de creche (0 a 3 anos) e outras
11 mil, de pré-escola (4 a 5).
A fila por creche aumentou
apesar de a prefeitura ter feito
7.000 matrículas a mais neste
ano. Na pré-escola, porém, ela
cresceu porque o governo fechou vagas em escolas com excesso de alunos. O corte ocorreu para reduzir o tamanho das
turmas, eliminar o terceiro turno em algumas unidades e redistribuir a rede conveniada,
que passou a priorizar creche.
A ideia era compensar o corte
com novas unidades, mas as
obras atrasaram. Das 142 escolas anunciadas no ano passado
(85 mil vagas previstas), só oito
estão em construção. O resto
deve ser entregue só em 2011.
Com isso, o total de matriculados em pré-escola recuou de
308 mil para 285,8 mil neste
ano -22,2 mil vagas a menos. O
relatório é o primeiro em que
há corte de matrícula e alta do
deficit. "Não acho bom criança
fora da escola. Tanto que construímos 63 Emeis [pré-escolas]. Mas não posso deixar a escola um depósito, como era",
disse à Folha o secretário da
Educação, Alexandre Schneider. "Já melhoramos muito."
Schneider disse que esperava
que o plano de obras "caminhasse mais rapidamente". Segundo ele, houve dificuldade
em encontrar terrenos disponíveis e conseguir as licenças
para a construção.
Sobre o aumento da demanda em toda rede, ele diz que a
própria expansão faz a fila aumentar. "O pai começa a ver
como possível a matrícula."
"O sistema precisa de planejamento adequado. Houve erro
na previsão", diz o pesquisador
Rubens Camargo, da Faculdade de Educação da USP.
"A prefeitura deve se organizar para não seguir nessa omissão", afirma o defensor público
estadual Flávio Frasseto.
Sem trabalhar
Segundo o governo, nenhum
aluno que estava na rede perdeu a vaga, mas o corte impediu
que crianças entrassem no sistema e tornou mais difícil a vida
de Eduardo, 4. "Ele está na fila
há quase um ano. Não trabalho,
não tenho onde deixá-lo", diz
Rosilene dos Santos Silva, 32,
do Jd. Felicidade (zona norte).
Pesquisas indicam que quem
cursa o infantil tem resultados
melhores em toda a vida escolar. Segundo a prefeitura, a migração das crianças de seis anos
do infantil para o fundamental
neste ano não tem impacto na
queda das matrículas (quase
todas crianças dessa idade já
iam para o fundamental).
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