São Paulo, quinta-feira, 22 de maio de 2008

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Pane deixou 60 mil pessoas sem transporte, diz CPTM

O Metrô suspendeu a cobrança na região para ajudar a transportar os afetados

Para o presidente da companhia, trem danificado só não voltou à estação porque os passageiros decidiram forçar a saída

LUIS KAWAGUTI
DA REPORTAGEM LOCAL

Uma pane ontem pela manhã em um trem da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) levou cerca de 2.000 passageiros a forçar a saída da composição e a ocupar os trilhos entre as estações Tatuapé e Brás. Eles acionaram os botões de emergência para abrir as portas -o trem não tinha janelas e o ar-condicionado desligou com a pane.
Em efeito cascata, a ocupação dos trilhos pelos passageiros fez parar mais quatro trens. Outras 4.000 pessoas também abriram as portas e foram para os trilhos. Houve confusão e três das composições foram depredadas -seis pessoas foram presas. A circulação de trens parou por quase 4 h -no período, a estação Brás da CPTM foi fechada. Cerca de 60 mil pessoas foram afetadas.
O problema começou por volta das 6h50, quando um trem da linha 11-Coral (Luz-Guaianases/Guaianases-Estudantes), com oito vagões, parou em razão de um problema no sistema de freios.
"O sistema identificou uma falha de freio, mas ela poderia ser recuperada e o trem conseguiria se movimentar. Só não conseguiu porque os usuários acionaram os botões de emergência", disse o presidente da CPTM, Álvaro Armond.
Segundo a CPTM, o maquinista tentou caminhar até outro vagão para acionar controles secundários e levar o trem de volta para o Tatuapé. Mas, com o trem lotado, os passageiros começaram a passar mal e apertaram os botões de emergência para as portas abrirem. A composição, então, não pôde retornar à estação Tatuapé.
Em seguida, segundo a CPTM, os cerca de 2.000 passageiros caminharam nos trilhos por 800 m até a estação Brás.
Um trem que seguia atrás da composição paralisada tentou ultrapassá-la usando trilhos paralelos. Porém, com centenas de passageiros sobre a via férrea, também teve que parar.
Ao verem a multidão sobre os trilhos, os passageiros do segundo trem também acionaram os botões de emergência e abandonaram a composição. A presença das pessoas nos trilhos também interrompeu o fluxo de trens na linha 12-Safira (Brás-Calmon Viana, antiga linha F), paralela à linha 11.
Em minutos, cinco trens pararam e seus passageiros desceram aos trilhos, totalizando cerca de 6.000 pessoas caminhando entre as estações. Três deles ficaram parados na linha 11 e dois na linha 12, próximos às estações Brás e Tatuapé.
Revoltados com o problema, passageiros começaram a depredar três dos trens parados. Eles tiveram os vidros das janelas quebrados e bancos destruídos. Passageiros ouvidos pela Folha afirmaram que um grupo de vândalos chegou a tentar incendiar um dos trens, mas a CPTM não confirmou.
Para o presidente da companhia, "o problema de hoje é o resultado da conjunção da falha normal de uma máquina com uma situação de superlotação [do transporte coletivo público de São Paulo]". Armond afirmou que a CPTM está executando "da forma mais rápida possível um plano de investimento extremamente ousado" que deve transformar parte do sistema em metrô de superfície e assim aumentar a oferta de transporte público.
Segundo a CPTM, 44 panes como a de ontem ocorreram entre janeiro e abril de 2008. No ano anterior foram 127 casos e em 2006, 190. Em nenhum desses casos tantas pessoas desceram aos trilhos. O Paese (Plano de Auxílio às Empresas de Ônibus em Situação de Emergência) foi acionado e o Metrô transportou gratuitamente parte dos passageiros afetados pela paralisação.
A circulação normal de trens foi restabelecida por volta das 10h35 de ontem. Segundo a CPTM, o acidente não afetou o transporte dos usuários à tarde.
As causas da pane no primeiro trem ainda estão sendo investigadas pela CPTM. Até o fim da tarde, a pane era tratada como uma avaria no sistema de pressão do freio.


Colaborou JULIANA CARIELLO

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