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Pane deixou 60 mil pessoas sem transporte, diz CPTM
O Metrô suspendeu a cobrança na região para ajudar a transportar os afetados
Para o presidente da companhia, trem danificado só não voltou à estação porque os passageiros decidiram forçar a saída
LUIS KAWAGUTI
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma pane ontem pela manhã
em um trem da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) levou cerca de
2.000 passageiros a forçar a saída da composição e a ocupar os
trilhos entre as estações Tatuapé e Brás. Eles acionaram os
botões de emergência para
abrir as portas -o trem não tinha janelas e o ar-condicionado
desligou com a pane.
Em efeito cascata, a ocupação dos trilhos pelos passageiros fez parar mais quatro trens.
Outras 4.000 pessoas também
abriram as portas e foram para
os trilhos. Houve confusão e
três das composições foram depredadas -seis pessoas foram
presas. A circulação de trens
parou por quase 4 h -no período, a estação Brás da CPTM foi
fechada. Cerca de 60 mil pessoas foram afetadas.
O problema começou por
volta das 6h50, quando um
trem da linha 11-Coral (Luz-Guaianases/Guaianases-Estudantes), com oito vagões, parou
em razão de um problema no
sistema de freios.
"O sistema identificou uma
falha de freio, mas ela poderia
ser recuperada e o trem conseguiria se movimentar. Só não
conseguiu porque os usuários
acionaram os botões de emergência", disse o presidente da
CPTM, Álvaro Armond.
Segundo a CPTM, o maquinista tentou caminhar até outro vagão para acionar controles secundários e levar o trem
de volta para o Tatuapé. Mas,
com o trem lotado, os passageiros começaram a passar mal e
apertaram os botões de emergência para as portas abrirem.
A composição, então, não pôde
retornar à estação Tatuapé.
Em seguida, segundo a
CPTM, os cerca de 2.000 passageiros caminharam nos trilhos
por 800 m até a estação Brás.
Um trem que seguia atrás da
composição paralisada tentou
ultrapassá-la usando trilhos
paralelos. Porém, com centenas de passageiros sobre a via
férrea, também teve que parar.
Ao verem a multidão sobre os
trilhos, os passageiros do segundo trem também acionaram os botões de emergência e
abandonaram a composição.
A presença das pessoas nos
trilhos também interrompeu o
fluxo de trens na linha 12-Safira
(Brás-Calmon Viana, antiga linha F), paralela à linha 11.
Em minutos, cinco trens pararam e seus passageiros desceram aos trilhos, totalizando
cerca de 6.000 pessoas caminhando entre as estações. Três
deles ficaram parados na linha
11 e dois na linha 12, próximos
às estações Brás e Tatuapé.
Revoltados com o problema,
passageiros começaram a depredar três dos trens parados.
Eles tiveram os vidros das janelas quebrados e bancos destruídos. Passageiros ouvidos pela
Folha afirmaram que um grupo de vândalos chegou a tentar
incendiar um dos trens, mas a
CPTM não confirmou.
Para o presidente da companhia, "o problema de hoje é o
resultado da conjunção da falha
normal de uma máquina com
uma situação de superlotação
[do transporte coletivo público
de São Paulo]". Armond afirmou que a CPTM está executando "da forma mais rápida
possível um plano de investimento extremamente ousado"
que deve transformar parte do
sistema em metrô de superfície
e assim aumentar a oferta de
transporte público.
Segundo a CPTM, 44 panes
como a de ontem ocorreram
entre janeiro e abril de 2008.
No ano anterior foram 127 casos e em 2006, 190. Em nenhum desses casos tantas pessoas desceram aos trilhos.
O Paese (Plano de Auxílio às
Empresas de Ônibus em Situação de Emergência) foi acionado e o Metrô transportou gratuitamente parte dos passageiros afetados pela paralisação.
A circulação normal de trens
foi restabelecida por volta das
10h35 de ontem. Segundo a
CPTM, o acidente não afetou o
transporte dos usuários à tarde.
As causas da pane no primeiro trem ainda estão sendo investigadas pela CPTM. Até o
fim da tarde, a pane era tratada
como uma avaria no sistema de
pressão do freio.
Colaborou JULIANA CARIELLO
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