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Cartaz com beijo gay gera demissão em MG
Professora demitida defendia ilustração com beijo de duas mulheres na divulgação de seminário em faculdade
DA REPORTAGEM LOCAL
A demissão da coordenadora
do curso de Serviço Social da
Faminas (Faculdade de Minas), com campi em Belo Horizonte e no interior do Estado,
causou polêmica no meio acadêmico e levou o conselho federal da categoria a reagir contra
o que supostamente foi um caso de discriminação sexual.
A assistente social Viviane
Souza Pereira, 33, diz ter sido
desligada da instituição logo
após a direção vetar um cartaz
com a imagem de duas mulheres se beijando para divulgação
de um seminário na faculdade.
O cartaz recusado era a reprodução da capa da agenda
deste ano do Conselho Federal
de Serviço Social, em que aparecem, além do beijo das mulheres, as imagens de um negro,
um índio, um trabalhador sem-terra e um cadeirante.
O Conselho Federal de Serviço Social divulgou um comunicado em que afirma "repudiar"
a demissão da professora e a
proibição do cartaz com o casal
de lésbicas e que a "atitude da
Faminas de censurar a ilustração é absurda".
"Entendemos que é uma atitude preconceituosa da instituição. Um dos temas do seminário era a diversidade e o preconceito sexual. O serviço social tem de diminuir a desigualdade, um dos princípios do nosso código de ética é lutar contra
a discriminação", afirma a presidente do conselho, Ivanete
Boschetti.
A reação também foi encampada pelo Ministério Público
do Trabalho, que abriu um inquérito para investigar se há
cerceamento da opção sexual
no ambiente de trabalho na faculdade.
A Promotoria deu dez dias
para que a instituição envie vários documentos, como a lista
de todas as demissões homologadas desde o ano passado.
"Recusei-me a tirar a foto do
cartaz por ser contra meus
princípios éticos. Não relacionaram a demissão ao cartaz,
mas fui demitida no dia seguinte ao cancelamento do evento",
diz a ex-coordenadora Viviane,
que afirma não ser lésbica.
A assistente social diz ter
anexado documentos ao processo, como cartazes elaborados pela agência de comunicação da faculdade, que omitiram
o beijo homossexual, além de
alguns e-mails trocados com a
direção da instituição.
"Desobediência"
A direção da Faminas nega
ter havido preconceito no caso
e diz que a demissão decorre de
"desobediência" da ex-coordenadora. Gerente administrativo da faculdade, Eduardo Goulart diz que, depois de ver o beijo gay excluído do cartaz, a professora ligou para os palestrantes convidados e cancelou o seminário à revelia da instituição.
O caso também mobilizou a
Enesso (Executiva Nacional de
Estudantes do Serviço Social),
que diz "repudiar a atitude conservadora, discriminatória e
autoritária" da faculdade, e associações de defesa de direito
dos gays de Minas, que afirmam que irão à Justiça.
O conselho federal diz que
vai organizar, em frente à faculdade, um ato de desagravo à demissão da assistente social.
(VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO)
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