ROGÉRIO GENTILE
da Reportagem Local

Livre da ameaça do impeachment, o prefeito de São Paulo, Celso Pitta (sem partido) teve um dia típico de candidato em campanha eleitoral.
Sem paletó e gravata e com a camisa desabotoada, Pitta bateu palmas, cantou "Parabéns a Você", comeu docinhos, dançou no palanque, distribuiu beijos e circulou de helicóptero pela cidade para conseguir cumprir uma agenda com vários compromissos públicos.
Era um Pitta que demonstrava estar aliviado. Bem diferente daquele com semblante carregado dos dias que antecederam as votações na Câmara Municipal.
Votações que, além de acabar com seu processo de impeachment, impediram a continuação das investigações da CPI da máfia da propina. "É um dia muito importante, um dia que tenho sossego para trabalhar."
Pela manhã, Pitta esteve na região do Campo Limpo (zona sul), onde foi recebido com um bolo de cenoura por uma moradora. "Para comemorar a sua vitória ontem", disse ela.
As pessoas em volta puxaram um "Parabéns a Você", que acabou sendo interpretado por alguns outros moradores do local como se fosse uma homenagem ao aniversário do prefeito.
"Antes de mais nada, quero cumprimentá-lo pela passagem do seu aniversário", disse uma líder de bairro convidada a falar ao público. Pitta completará 53 anos no dia 29 de setembro.
Saindo do Campo Limpo, o prefeito foi à região do Guarapiranga para a inauguração de um projeto de reurbanização.
Chegou ao som de uma bateria de fogos de artifício e de uma banda musical que cantava um refrão exaltando a "maravilha" que é estar de "alto astral".
Um cartaz, erguido pela assistente social Roseli Lopes, dizia que "a batalha da Câmara entrará para a história".
No dia anterior, Roseli havia levado cerca de cem pessoas à Câmara para acompanhar a votação. "Liguei para as empresas de ônibus (que trabalham para a prefeitura) e consegui transporte de graça", afirmou a assistente.
No palanque, Pitta declarou que o dia "era feliz para todos nós". "Quero agradecer ao voto de confiança que recebi da Câmara. Botamos uma pedra nessa novela que só interessava aos que queriam a volta da falcatrua e da bandidagem", afirmou.
Na votação, Pitta recebeu o apoio de vereadores suspeitos de irregularidades como Maeli Vergniano e José Izar, alvos da CPI impedida de continuar.
Do Guarapiranga, Pitta seguiu para a prefeitura, onde participou de mais dois compromissos públicos. No helicóptero emprestado pela Polícia Militar, disse à Folha que não descarta a possibilidade de concorrer à reeleição. "Só vou pensar nisso no ano que vem. Minha mulher não gosta muito da idéia, mas disse que vai apoiar a decisão que eu tomar", afirmou.


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