São Paulo, sexta-feira, 22 de junho de 2007

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Corregedoria ouve 3 policiais citados em escuta sobre bingo

Gravações da PF apontam que associação de bingos subornava investigadores

Delegada ingressou com um pedido na Justiça para ter acesso às gravações da Operação Têmis que tenham policiais envolvidos

MARIO CESAR CARVALHO
DA REPORTAGEM LOCAL

A Corregedoria da Polícia Civil de São Paulo convocou para depor os três policiais citados em telefonemas em que há menção a pagamentos feitos pela Abrabin (Associação Brasileira dos Bingos) a investigadores. As conversas, gravadas durante as investigações da Operação Têmis, foram reveladas ontem pela Folha. Nos diálogos, a presidente-executiva da Abrabin, a advogada Danielle Chiorino Figueiredo, conversa com um investigador da Delegacia Seccional Oeste sobre um pagamento no valor de "um zero zero".
O valor é interpretado por policiais como sendo R$ 100 mil, já que a fonte pagadora é a Abrabin -o que a defesa de Danielle nega (leia texto abaixo). Os policiais civis convocados pela corregedoria são: - Reinaldo de Castro, investigador da Delegacia Seccional Oeste, que aparece no grampo fazendo o pedido de pagamento a Danielle. Nos telefonemas, trocados em janeiro deste ano, ele explica que é novo na seccional porque houve uma troca na delegacia provocada pela posse do novo governador; - Fábio, que recolhia o dinheiro nos anos anteriores, segundo o relato da presidente-executiva da Abrabin; e - Bonifácio, ex-chefe dos investigadores do 15º Distrito Policial, no Itaim-Bibi, na zona sul de São Paulo. Danielle diz numa das conversas que ele informava a Abrabin quando mudava o policial que iria passar na entidade. A sede da associação fica nesse bairro.
A polícia não revelou os sobrenomes de Fábio e Bonifácio. Os cinco diálogos gravados pela PF ocorreram entre os dias 26 e 29 de janeiro deste ano. Neles, a presidente-executiva da Abrabin fica surpresa ao ser informada que mudaram os policiais da Delegacia Seccional Oeste que, aparentemente, passavam na sede da entidade para pegar dinheiro. Ontem, a delegada Cintia Quaggio, da corregedoria, convocou os três investigadores e ingressou com um pedido à Justiça para ter acesso às gravações da Operação Têmis que citem policiais civis.
A delegada deve abrir um novo inquérito para investigar os policiais citados nas gravações da PF. Ela já toca um inquérito sobre envolvimento de policiais com supostos pagamentos de propina. A origem desse inquérito são documentos apreendidos num carro acidentado do advogado Jamil Chokr, que citam supostos pagamentos a investigadores.

Afastamento
Na última terça, Afonso Henriques Soares Rodrigues, chefe dos investigadores do Deic (Departamento de Investigações Sobre o Crime Organizado), órgão da Polícia Civil, afastou-se do cargo. Rodrigues alega desejar que as investigações da corregedoria "transcorram de maneira transparente". Ele é amigo de Chokr e passará a fazer trabalhos administrativos.


Colaborou ANDRÉ CARAMANTE, da Reportagem Local


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