São Paulo, domingo, 22 de junho de 2008

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SAÚDE / OPERAÇÃO

Nova técnica amplia retirada de tumor cerebral pelo nariz

Tecnologias aumentam uso da cirurgia endoscópica, antes voltada para a hipófise

Evolução do método de reconstrução de tecidos facilita cirurgia em diferentes áreas do cérebro próximas aos seios da face

MÁRCIO PINHO
DA REPORTAGEM LOCAL

As cavidades nasais estão se tornando um caminho viável para acessar diferentes regiões do cérebro e facilitar operações que antes exigiam grandes aberturas no crânio.
A cirurgia endoscópica -já há alguns anos usada para operar tumores na glândula hipófise- tornou-se uma aposta para tratamentos em outras áreas do cérebro à medida que a técnica é aperfeiçoada.
"Hoje temos novos conhecimentos da técnica, que têm permitido fazer a cirurgia de forma expandida na base do crânio [parte que separa o cérebro dos seis da face e do nariz].
Podemos, por exemplo, tratar tumores na meninge", afirma Paulo Lazarini, otorrino da Santa Casa de São Paulo.
Ele conta que alguns hospitais no Brasil já assimilaram os novos usos que a cirurgia endoscópica vem ganhando na Universidade de Pittsburgh (EUA), onde a técnica foi inventada e é aperfeiçoada.
A operação é feita com o auxílio do endoscópio introduzido pelo nariz, que permite ao médico acompanhar tudo numa tela. Outros instrumentos também penetram pela via respiratória. É feita uma pequena perfuração no crânio, e o tumor, retirado.
A principal mudança na cirurgia foi na etapa final: o fechamento do crânio. Em vez de usar pedaços de mucosa do nariz ou de músculos da perna -tecidos que tendiam a morrer com o tempo-, os médicos passaram a usar um retalho do septo nasal sem desgrudá-lo totalmente, permitindo que ele continue irrigado por vasos sangüíneos e vivo, portanto.
"Hoje tratamos tumores próximos ao nervo óptico e à carótida [artéria que irriga o cérebro]. A nova técnica trouxe mais segurança para o fechamento da base do crânio, diminuindo o risco de expor o cérebro ao contato com a via respiratória, onde há bactérias. Diminuiu então o risco de complicações como a meningite e a drenagem de líquido cerebral pelo nariz", afirma.

Neuronavegação
Fernando Oto Balieiro, otorrino do Hospital Professor Edmundo Vasconcelos, diz que, além da nova forma de fechar o crânio, outro avanço que facilitou a cirurgia endoscópica foi a possibilidade da neuronavegação. O computador localiza os instrumentos na tela e dá uma imagem mais global que a proporcionada pelo endoscópio.
O médico lembra que a cirurgia endoscópica "não veio para ser a solução de todos os problemas" e que não pode ser usada em todos os casos. De acordo com ele, ela é útil basicamente para a parte do cérebro que faz fronteira com as vias respiratória, mas não é a melhor opção caso o tumor esteja em outras regiões.
Para o neurocirurgião da Santa Casa Américo Rubens Leite dos Santos, há diversas vantagens no uso dessa cirurgia, e a principal é a estética.
"Não ter que abrir o crânio evita que o paciente fique com uma cicatriz na cabeça. Já a recuperação no pós-operatório não tem uma grande diferença da cirurgia tradicional", diz.
Ele ressalta outros pontos positivos como a menor exposição e manipulação dos tecidos cerebrais, o que reduz os riscos da cirurgia.


Colaborou CLÁUDIA COLLUCCI , da Reportagem Local


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