São Paulo, terça-feira, 22 de junho de 2010

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HERMANN GONÇALVES SCHATZMAYR (1936-2010)

Expoente no combate à varíola

RICARDO MIOTO
DE SÃO PAULO

O campeão de futebol de botão na escola e destaque no basquete juvenil do Flamengo se tornou um dos responsáveis pelo fim da varíola e da poliomielite no país.
Hermann Schatzmayr era o único filho de um austríaco com uma capixaba. O pai veio ao Brasil fugindo da Primeira Guerra. Na Segunda, considerado alemão, foi preso e teve bens confiscados.
"Ele fugia das guerras, e elas vinham atrás dele", disse Hermann, em depoimento ao Instituto Oswaldo Cruz.
Aos 17, Hermann foi cursar veterinária. Gostou de laboratórios e, em 1961, estudou a pólio e cuidou da distribuição da vacina na Fiocruz.
Não se envolveu no golpe de 1964. "Segundo meu pai, quando um jovem entrava na política e dava um problema, sempre tinha um tio general para resolver, mas eu não." Para se afastar, foi estudar na Europa. Voltou em 1966.
Trabalhou com a vacina da varíola e virou coordenador de virologia. Nos anos 90, presidiu a Fiocruz. Gostava de contar da reação de japoneses com o sucesso das campanhas. "O Zé Gotinha fazia a festa, e uma fila de crianças aguardava a vez de tomar vacina. Eles fotografavam, sem acreditar que a vacinação acontecia na rua."
O homem que isolou o vírus da dengue gostava de Petrópolis porque "lá não tem mosquito, tenho horror de mosquito". Queria se mudar ao se aposentar, mas continuou na Fiocruz até morrer.
Teve ontem falência de órgãos, aos 74. Deixa viúva, dois filhos e cinco netos. "Até hoje, às vezes, dou uma surra no meu neto e no meu genro", disse, há quatro anos, sobre o futebol de botão.

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