São Paulo, quinta-feira, 22 de julho de 2004

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SEGURANÇA

Refino da droga era feito em Embu, na região metropolitana da capital; acesso ao local se dava por passagem secreta

Polícia descobre laboratório de cocaína em SP

Marcelo Min/Folha Imagem
Materiais usados na mistura de drogas no laboratório escondido


GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL

Por trás de um armário falso com passagem secreta e porta com "fechadura elétrica", policiais descobriram ontem, em Embu (Grande SP), um laboratório que seria responsável pela produção mensal de 1,2 tonelada de cocaína e crack.
No local, foram encontrados 300 quilos de droga. Quatro pessoas foram presas, entre elas o dono de uma madeireira de Embu, apontado como o líder da quadrilha que atuava havia mais de um ano, segundo a polícia.
Mais do que a quantidade de droga apreendida, foi a infra-estrutura do local que surpreendeu os policiais do Denarc (Departamento de Investigações Sobre o Crime Organizado).
O local usado para refinar a droga vinda da Colômbia recebeu uma proteção especial. A única entrada para a sala de 8 m2 ficava no fundo falso de um armário.
Segundo a polícia, os traficantes montaram uma "fechadura elétrica" -não pode ser vista pelo lado de fora-, que só abre a partir da aplicação de pequenas descargas elétricas. Os policiais também descobriram equipamentos automáticos de alta precisão para pesar, prensar e embalar a droga.
"Não tínhamos até agora descoberto nenhum laboratório com tamanha infra-estrutura", afirmou o delegado Ivaney Cayres de Souza, diretor do Denarc.
A investigação começou em março. Por escutas telefônicas, os policiais descobriram que Mário Augusto Soares dos Santos, 34, usava os caminhões de sua madeireira para buscar cocaína em pó e em pasta em Rondônia.
"Aqui, por meio de misturas, a droga era multiplicada por três e revendida", diz Souza. No laboratório, os policiais encontraram produtos como fermento, usado na mistura. "A mistura mata mais do que a própria droga", afirma o delegado.
Na casa usada só para o refino da droga, os policiais encontraram equipamentos sofisticados, como uma prensa automática e uma batedeira industrial. "Na maioria dos laboratórios, são achados equipamentos manuais", diz Souza. Foi encontrada até uma receita, escrita à mão, de como fazer a mistura para aumentar a quantidade de droga.
A quadrilha revendia a droga para traficantes da Grande São Paulo e também para criminosos de Curitiba (PR). Policiais filmaram parte desse processo.
Nas cenas, segundo a polícia, Santos e Cláudio Schimidt, 30, suspeito de ser seu "gerente" no tráfico, aparecem carregando e entregando a droga.
Ontem, a polícia também apreendeu com o grupo duas pistolas, uma espingarda e vários telefones celulares. Segundo a polícia, Santos tentou fugir de carro no momento da prisão, mas se entregou quando seu veículo foi atingido por tiros disparados pelos investigadores.
A polícia deve investigar a madeireira de Santos, que estaria em atividade desde 1999. Ele também tem um apartamento na Vila Andrade, uma região com imóveis de alto padrão na zona sul de São Paulo. A reportagem não conseguiu falar com os presos ontem.


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